Astato (At)

Astato é um elemento químico radioativo e instável, pertencente ao grupo dos halogênios, encontrado em quantidades muito pequenas na natureza. Seu tempo de meia-vida é curto.

O astato é um elemento químico de símbolo “At” e número atômico 85 que pertence ao grupo dos halogênios, localizado no grupo 17 e quinto período da tabela periódica, com uma ocorrência na crosta terrestre estimada em menos de um grama. Embora possua algumas características de metais, ele é quimicamente um ametal com capacidade de formar ligações covalentes. Além disso, devido à sua radioatividade e difícil obtenção, sua química é teórica e baseada principalmente em modelagens, já que a quantidade disponível para experimentos é muito pequena e a maioria dos seus isótopos tem uma vida útil muito curta.

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Resumo sobre astato

Propriedades do astato

Características do astato

O astato é sólido à temperatura ambiente, embora não se tenha uma descrição visual precisa devido à sua instabilidade e baixa quantidade disponível. Contudo, com base em suas propriedades teóricas e na comparação com outros halogênios, acredita-se que ele seja um não metal (ametal), possivelmente com uma aparência metálica escura. Seu ponto de fusão e ebulição são estimados para estar em uma faixa mais alta do que o iodo, embora esses valores exatos não sejam bem conhecidos devido à dificuldade de realizar medições precisas.

Embora seja um halogênio, ele possui algumas características que o aproximam dos metais, como a capacidade de formar cátions, o que é incomum para ametais. Além disso, provavelmente forma compostos com estados de oxidação variados, similar ao iodo, e pode apresentar uma química que se assemelha ao polônio, outro elemento pesado. Entretanto, o seu comportamento em reações químicas sugere que ele atua como um halogênio menos reativo do que o flúor e o cloro, porém mais reativo que o iodo e o brometo, e tende a formar ligações covalentes.

Veja também: Como a radioatividade é utilizada no nosso dia a dia

Onde o astato é encontrado?

O astato é extremamente raro na natureza, encontrado, portanto, apenas em vestígios na crosta terrestre, sendo formado principalmente através do decaimento de elementos mais pesados, como o urânio e o tório, e ocorre em quantidades ínfimas devido à sua meia-vida muito curta. Em vista disso, ele é geralmente produzido em laboratório por meio de reações nucleares, especialmente em aceleradores de partículas, para fins de pesquisa científica e aplicações médicas limitadas.

Obtenção do astato

A obtenção do astato ocorre principalmente em laboratórios, devido a sua escassez na natureza. Sendo assim, o seu processo de produção ocorre por meio de reações nucleares, cujas etapas serão descritas a seguir:

  1. Produção inicial: consiste em bombardear átomos de bismuto com partículas alfa (núcleos de hélio) em um acelerador de partículas.
  2. Formação de astato: essa reação nuclear resulta na produção de átomos de astato, que são altamente radioativos e possuem meia-vida curta.
  3. Separação e purificação: após a produção, os átomos de astato são rapidamente separados de outros produtos de reação e purificados utilizando técnicas de extração química e cromatografia.

Vale ressaltar que essas etapas são realizadas rapidamente para evitar a desintegração do astato antes de ser utilizado em pesquisas científicas ou aplicações específicas, como na medicina nuclear.

Ocorrência do astato

O astato ocorre como resultado do decaimento de elementos pesados, como o urânio e o tório, em minerais que contêm esses elementos. Devido à sua meia-vida muito curta, ele está presente apenas em traços muito pequenos, com uma distribuição bastante esparsa na crosta terrestre. Em meio a isso, na literatura, ele é conhecido por ter diversos isótopos, todos altamente radioativos, cuja variação em número de massa vai de 191 a 223, sendo que os mais comuns e estudados são:

Aplicações do astato

As aplicações do astato são limitadas, mas ele tem algumas utilizações importantes, especialmente na medicina nuclear. Sendo assim, abaixo destacamos os principais usos desse elemento:

Precauções com o astato

Ao lidar com o astato, é crucial tomar várias precauções devido à sua alta radioatividade e instabilidade, como, por exemplo:

Curiosidades sobre o astato

Saiba mais: Urânio — elemento extremamente reativo muito explorado para fins bélicos

História do astato

A história do astato começa em meados do século XX, durante uma era de intensas pesquisas em física nuclear e química dos elementos pesados. Em 1940, os químicos Fredrick Oskar Giesel e Dale R. Corson, trabalhando na Universidade da Califórnia, Berkeley, conseguiram sintetizar o astato pela primeira vez. Eles bombardearam átomos de bismuto com partículas alfa em um ciclotron, um tipo de acelerador de partículas, produzindo o novo elemento. A descoberta foi um marco na Química, pois o astato preencheu uma lacuna na tabela periódica e completou o grupo dos halogênios.

Nesse sentido, a radioatividade intensa do astato e a rápida desintegração de seus isótopos tornaram a sua obtenção e estudo bastante desafiadores. Ao longo dos anos, poucas amostras foram produzidas e manipuladas, tornando esse elemento um dos mais raros e menos compreendidos. Ademais, a contribuição dele para a ciência, embora limitada em termos práticos, é significativa no contexto da química nuclear e da física dos elementos. Isto é, a compreensão de suas propriedades, mesmo que incompleta, ajuda a esclarecer comportamentos gerais dos halogênios e fornece dados importantes sobre a interação entre radioatividade e estrutura atômica.

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Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/quimica/astato-at.htm