Considerado um dos principais nomes da Literatura mundial e, em especial, da Literatura Portuguesa, Fernando Pessoa foi um escritor, poeta, redator e tradutor.
As obras do português contêm características diferenciadas e inovadoras para a época, como o uso do recurso da heteronímia, característica que o torna um artista múltiplo, como veremos a seguir.
Pela sua genialidade e obra ímpar, Fernando Pessoa é um dos autores mais abordados em vestibulares e no Enem.
Fernando Pessoa nasceu no dia 13 de junho de 1888, no Largo de São Carlos, na cidade de Lisboa, em Portugal. Seus pais eram Joaquim de Seabra Pessoa e Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa.
O artista passou grande parte da infância em Durban, colônia britânica situada na África do Sul, onde seu padrasto era cônsul português.
O pai do escritor morreu de tuberculose quando ele tinha cinco anos de idade. Conforme estudos, na adolescência Pessoa era um rapaz tímido, mas inteligente, bom aluno e dono de grande imaginação.
Fernando Pessoa começou a escrever poemas ainda criança. Seu primeiro texto data de 1895, quando tinha sete anos.
Pessoa chegou a ingressar no curso de graduação em Letras, em Lisboa. Porém, após dois anos, o abandonou. Ele preferia estudar por conta própria na Biblioteca Nacional. Lia livros em Inglês e Português.
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo”
Ainda jovem, com cerca de 22 anos, o artista já escrevia em Português, Inglês e Francês. Produzia obras em prosa e poesia. Também começou a atuar como crítico literário e redator em revistas, chegando a dirigir algumas delas.
Além de escrever livros, Pessoa redigiu ensaios, peças de teatro, novelas, críticas literárias, entre outros. Dedicou-se também à astrologia e à publicidade.
Por ter morado na África do Sul, dominava o inglês. Assim, ele sempre trabalhou com tradução. Traduziu a obra O corvo, uma das principais do estadunidense Edgar Allan Poe.
Em 1920, Pessoa passou a morar com a mãe, a meia-irmã e os dois meios-irmãos na Rua Coelho da Rocha, nº 16, em Lisboa, onde é hoje a Casa Fernando Pessoa.
A família do português considerava-o afetuoso e amável, mas muito reservado. Estudos indicam que ele teve uma vida discreta e livre, em especial de horários, e que era bipolar.
Fernando Pessoa deixou como legado mais de 25 mil folhas escritas, as quais estão guardadas na Biblioteca Nacional de Portugal. Entre suas redações, encontram-se poesias, peças de teatro, contos, ensaios filosóficos, críticas literárias, traduções, teorias linguísticas, textos políticos, cartas astrológicas, entre outras.
“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”
Fernando Pessoa morreu aos 47 anos, no dia 30 de novembro em 1935, vítima de uma cirrose hepática.
Na véspera de sua morte, escreveu a lápis, em inglês, a seguinte frase: “I know not what tomorrow will bring (Não sei o que o amanhã trará)”.
Túmulo de Fernando Pessoa situa-se no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa
Crédito: Commons
Pessoa dedicou grande parte dos seus 47 anos de vida à carreira de escritor. Segundo ele, ser poeta e escritor não era uma profissão, mas vocação.
Fernando Pessoa é considerado modernista, uma vez que foi um dos escritores que iniciaram o movimento em Portugal, ao lado de nomes como Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro, Luís de Montalvor e Ronald de Carvalho.
O escritor ajudou a fundar a revista Orfheu, responsável por divulgar as ideias modernistas em Portugal e também no Brasil.
Pessoa gostava de fazer reflexões sobre identidade, verdade e existencialismo. Algumas de suas poesias tinham caráter nacionalista.
Confira abaixo as principais obras de Fernando Pessoa:
Livro do Desassossego: considerada a obra do escritor que mais se assemelha a um romance;
Mensagem: formado por 44 poemas, é o único livro de Pessoa publicado em vida. Foi escrito em 1934, em português;
Poemas completos de Alberto Caeiro: coletânea de obras de Caeiro, um dos heterônimos mais famosos de Pessoa ao lado de Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Poesias: contém vários poemas bastante conhecidos, entre os quais se destacam “Tabacaria”, “Poema em linha reta”, “Ode marítima”, “Autopsicografia”, “Aniversário”, “Todas as cartas de amor…” e “Não sei quantas almas tenho”.
Um dos diferenciais das obras e poesias de Fernando Pessoa é o uso da heteronímia – recurso utilizado por um escritor quando ele escreve textos assinando com outros nomes.
Valendo-se dos heterônimos, Pessoa apresentava características como desdobramento do “eu”, multiplicação de identidades e sinceridade do fingimento.
“Esta tendência para criar em torno de mim um outro mundo, igual a este mas com outra gente, nunca me saiu da imaginação.”
Cada heterônimo de Pessoa apresentava personalidade própria: características físicas, atividades literárias específicas, visões políticas e religiosas particulares. Confira a seguir os heterônimos mais conhecidos:
Alberto Caeiro: era um engenheiro influenciado pelo simbolismo e futurismo;
Álvaro de Campos: escrevia poesias de maneira simples, direta e concreta;
Ricardo Reis: era um médico que contemplava o bucolismo em suas obras;
Bernardo Soares: considerado o alter ego do português, é o “semi-heterônimo” de Pessoa, por ser o mais parecido com ele. Com esse nome, o poeta escreveu o Livro do desassossego, considerado sua principal obra.
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Inaugurada em 30 de Novembro de 1993, em Lisboa, a Casa Fernando Pessoa é um espaço cultural situado no local onde o escritor morou nos seus últimos 15 anos de vida.
Também conhecida como “casa de poesia”, o centro contempla a biblioteca particular do escritor, com grande parte dos livros que, de fato, pertenciam ao português.
O local, que preserva objetos pessoais, documentos e mobiliários usados por ele, é considerado um ponto turístico da capital de Portugal.
Por Silvia Tancredi
Jornalista
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/biografia/fernando-pessoa.htm