Oxum é uma orixá feminina venerada nas religiões de matriz africana. Ela é a dona dos rios, das cachoeiras, do ouro, das cores douradas e amarelas, da fertilidade feminina e do amor. Ela teve casamentos com Xangô e com Ogum e um relacionamento com Oxóssi, que resultou no nascimento de Logun-Edé, outro orixá da caça, associado às águas.
Os símbolos de Oxum incluem o abebé (um leque redondo com espelho), a cachoeira, o rio, a galinha da Angola e o pavão. Seus elementos são o ouro, as águas doces, as cachoeiras e os peixes de rio. Seus domínios abrangem a fertilidade, o amor, as crianças, a autoestima e a esperteza.
Os filhos de Oxum são pessoas de personalidade firme e com liderança, trazendo doçura, delicadeza e características amorosas. A oferenda a Oxum pode incluir omolocum, camarão com gengibre e ipetê, preparado com inhames e banana-ouro.
Para melhor entender quem é Oxum, conversamos com Mãe Carmen de Oxum, Iyalorixá do Ilê Olà Omí Asé Opô Araká.
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Segundo Mãe Carmen de Oxum, Iyalorixá do Ilê Olà Omí Asé Opô Araká, Oxum é uma orixá feminina, dona dos rios, das cachoeiras, do ouro, das cores douradas e amarelas, da fertilidade e do amor.
Oxum foi casada com Xangô e com Ogum, mas também teve um relacionamento com Oxóssi. Da relação com o Oxóssi, orixá das matas, nasceu Logun-Edé, outro orixá da caça, associado às águas.
Uma história (itã) que ajuda a compreender quem é Oxum é o conto sobre o retorno de Ogum. O itã conta que Ogum, ferreiro e caçador, se sentiu menosprezado pela aldeia em que vivia e fugiu para a mata, a fim de morar sozinho.
No entanto, a aldeia precisava de Ogum, pois, sem ele, não havia comida nem ferramentas. Todos tentaram trazer Ogum de volta, com promessas e com ameaças, mas nada convencia nem assustava o grande guerreiro.
Então, Oxum se ofereceu para trazer Ogum de volta. A princípio, todos caçoaram de Oxum, pois a consideravam fraca e tola. Oxum não se importou com os julgamentos e foi para dentro da mata.
Lá, ela dançou e espalhou seu perfume. Ogum, escondido, assistia a tudo. Oxum continuou dançando e, de tão bela que era, conquistou Ogum. O caçador ficou hipnotizado e seguiu Oxum de volta para aldeia e de lá não saiu mais.
Nesse itã, são reveladas algumas características de Oxum. Por ser uma mulher bela e, às vezes, de aparência delicada, muitos a menosprezam, mas Oxum ensina que delicadeza e força não são antônimos.
Outra característica revelada é a sabedoria de Oxum. Ela sabia que Ogum não iria se amedrontar nem se deixar ser convencido, então, ela foi com uma abordagem diferente que só ela sabe fazer.
No Livro Os Orixás, de Pierre Verger, os orixás são apresentados possuindo duas essências: uma histórica e outra religiosa. Isso ocorre porque muitas dessas divindades são ancestrais divinizados. Por isso, há histórias de reis, de sacerdotes, de caçadores e de rainhas que também são histórias de orixás.
Nesse caminho, a Mãe Carmen de Oxum nos contou a história de origem de Oxum. A lenda conta que Oxum foi a primeira Iyalorixá (a primeira Mãe de Santo). Era uma mulher apaixonada pelo sagrado. Para o seu primeiro iaô (iniciado na religião), ela realizou as obrigações (rituais) à galinha de Angola. Por isso, possui, no centro da cabeça, um elevado, que significa a feitura do iaô.
Oxum é sincretizada com Maria, mãe de Jesus, e, consequentemente, com as suas outras nomeações, como Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Conceição, entre outras. Essa relação foi estabelecida na época da escravidão, pois os povos africanos não podiam praticar sua religião. Então, foi preciso criar relações entre os orixás e os santos católicos para ser possível fazer os rituais sem que fossem proibidos. Como Oxum é protetora das crianças e é muito associada à fertilidade e ao amor, a sua relação foi estabelecida com Maria, mãe de Jesus, que possui características parecidas.
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As cores de Oxum são o amarelo e o dourado.
Os símbolos de Oxum são o abebé (um leque redondo com espelho), a cachoeira, o rio, a galinha da Angola e o pavão.
Os elementos de Oxum são o ouro, as águas doces, as cachoeiras e os peixes de rio.
Os domínios de Oxum são a fertilidade, o amor, as crianças, a autoestima e a esperteza.
A saudação de Oxum é Ore Yèyé o! ou Eyeo Oxum, minha mãe Oxum.
As qualidades são as formas em que o orixá existe. Por serem ancestrais divinizados, eles podem assumir várias personificações em algumas culturas, desde pessoas jovens até pessoas idosas, mas a ideia central do orixá é sempre preservada. Oxum possui mais de 16 qualidades. Algumas delas são as seguintes:
Segundo a Mãe de Carmen de Oxum, os filhos dessa orixá são pessoas de personalidade firme e de liderança, principalmente se essa pessoa for iniciada na religião. Além disso, também trazem a doçura e a delicadeza, com características amorosas enquanto ser humano.
Muitas comidas podem ser servidas para Oxum. A Mãe Carmen de Oxum nos contou algumas que Oxum gosta muito. Por exemplo, omolocum, uma comida feita com feijão fradinho, e camarão com gengibre. Ela também gosta muito de ipetê, que é uma comida preparada com inhames e com temperos específicos. Um ipetê especial para Oxum é o feito com banana-ouro.
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Mãe Carmen de Oxum disse que existem rezas ou orikis (cantigas) que falam de Oxum. Uma delas é:
Oxum Òpàrà
Yèyé Òpàrà !
Yèyé Opàrà !
{Obìnrin Bí Okùnrin Ní Òsun}
Oxum é uma mulher com força masculina.
{A Jí Sèrí Bí Ègà.}
Sua voz é afinada como o canto do ega.
{Yèyé Olomi Tútú.}
Graciosa mãe, senhora das águas frescas.
{Opàrà Òjò Bíri Kalee.}
Opàrà, que ao dançar rodopia como o vento, sem que possamos vê-la.
{Agbà Obìnrin Tí Gbogbo Ayé N'pe Sìn.}
Senhora plena de sabedoria, que todos veneramos juntos.
{Ó Bá Sònpònná Jé Pétékí.}
Que come pétékí com Xapanã.
{O Bá Alágbára Ranyanga Dìde.}
Que enfrenta pessoas poderosas e com sabedoria as acalma.
Créditos de imagem
[1] Ricardo Barata / Shutterstock
Fontes
Entrevista realizada com Mãe Carmen de Oxum, Iyalorixá do Ilê Olà Omí Asé Opô Araká.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo. 2001. Companhia da Letras.
VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás. Tradução: Maria Aparecida de Nóbrega. Salvador. 1997. Corrupio.
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/religiao/oxum.htm