Assírios

Os assírios foram um povo da Mesopotâmia que estabeleceu um poderoso império no Oriente Próximo. Sua ideologia era militarista e religiosa, centrada no culto ao deus Assur.

Os assírios foram um povo originário da Mesopotâmia que criou um dos impérios mais poderosos do Oriente Próximo, marcado por uma ideologia militarista e religiosa centrada no deus Assur, que legitimava suas conquistas.

Sua cultura integrava religião e arte, com esculturas que exaltavam o poder do rei; a sociedade era hierárquica, liderada pelo rei e uma elite de nobres e sacerdotes; a economia baseava-se na agricultura, no comércio e nos tributos; a política era centralizada e expansionista; e a religião, politeísta, valorizava práticas divinatórias para orientar o governo.

Localizados ao norte da Mesopotâmia, entre o Tigre e o Eufrates, os assírios aproveitavam a posição estratégica para controlar rotas comerciais. Descendentes de povos semitas da região, consolidaram sua identidade cultural com Assur como núcleo religioso e político. No Período Neo-Assírio (911-609 a.C.), o império atingiu seu auge, com um exército altamente organizado e conhecido pela brutalidade, impondo-se sobre outras nações como uma missão sagrada.

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Resumo sobre os assírios

Quem são os assírios?

Os assírios foram um povo da Antiguidade originário da região da Mesopotâmia e que estabeleceu um dos mais poderosos e influentes impérios do Oriente Próximo. A sociedade assíria era marcada por uma ideologia militarista e religiosa que servia para legitimar suas conquistas e dominação sobre outros povos.

Assur, o deus principal dos assírios, desempenhava um papel central em sua identidade cultural, sendo tanto o nome da divindade quanto o da capital e do império. A devoção ao deus Assur permeava todos os aspectos da vida assíria, e o rei era visto como seu representante direto na Terra, o que conferia ao governo um caráter sagrado e absoluto.

Características dos assírios

→ Cultura dos assírios

A cultura assíria era marcada pela integração entre a religião e a arte, especialmente por meio de monumentos que glorificavam o poder do rei e a força dos deuses. A escultura em relevo, especialmente em palácios e templos, era usada para retratar cenas de guerra e rituais religiosos. Esses relevos também serviam como uma forma de propaganda para intimidar inimigos e demonstrar a glória e o poder divino do rei.

Ilustração da biblioteca de Assurbanipal, um legado dos assírios.
Na ilustração, representação da biblioteca de Assurbanipal, que preservava valiosos escritos da época.

A biblioteca de Assurbanipal, em Nínive, foi um exemplo da dedicação dos assírios ao conhecimento, abrigando textos sobre ciência, religião, e literatura babilônica e suméria.

→ Sociedade dos assírios

A sociedade assíria era rigidamente hierárquica. No topo, estava o rei, que concentrava autoridade política, militar e religiosa, visto como um intermediário entre o povo e os deuses. Abaixo dele, havia uma elite de nobres e sacerdotes, além de administradores locais, que governavam as províncias do império.

O poder do rei era reforçado por sua associação direta com Assur, e os sacerdotes desempenhavam funções importantes em práticas religiosas e divinatórias, especialmente na condução de oráculos que orientavam o rei em questões militares e políticas.

→ Economia dos assírios

A economia assíria era diversificada, incluindo agricultura, comércio e tributos de territórios conquistados. A agricultura, com o cultivo de cereais em grande escala, era a base da economia, complementada pelo pastoreio e pela criação de gado.

O comércio também era essencial, sendo facilitado pelas rotas estabelecidas por meio de suas conquistas. Produtos de luxo e matérias-primas eram importados de diferentes regiões e, frequentemente, obtidos como tributo, o que contribuiu para a prosperidade e o financiamento de campanhas militares contínuas.

→ Política dos assírios

A política assíria era baseada em uma monarquia autocrática e teocrática, com o rei exercendo controle absoluto e sendo considerado o principal representante do deus Assur na Terra. A administração do império incluía governadores locais, que asseguravam o cumprimento das ordens reais, a coleta de impostos e a manutenção da ordem nas províncias.

A política externa assíria era marcada por uma ideologia expansionista, justificada pela necessidade de estender a influência de Assur, e os reis realizavam campanhas anuais para subjugar territórios vizinhos.

→ Religião dos assírios

Assur, o deus mais importante para os assírios.
Assur, o deus mais importante para os assírios.[2]

A religião dos assírios era politeísta, com uma ênfase especial em Assur. O culto a Assur legitimava as guerras e as conquistas, consideradas um mandato divino. Outros deuses, como Shamash (deus da justiça) e Ishtar (deusa da guerra e do amor), também tinham papéis importantes, especialmente no contexto das batalhas. Práticas divinatórias, como oráculos e augúrios, eram comuns, e o sucesso militar era frequentemente interpretado como um sinal de aprovação divina.

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Localização dos assírios

Os assírios estabeleceram-se ao norte da Mesopotâmia, em uma região fértil entre os rios Tigre e Eufrates. Suas principais cidades incluíam Assur, Nínive e Nimrud. A localização estratégica entre o Oriente e o Mediterrâneo permitiu-lhes controlar importantes rotas comerciais e expandir sua influência sobre outras regiões, consolidando sua posição como uma potência regional.

Mapa com a localização dos assírios no antigo Oriente Próximo
Localização dos assírios no antigo Oriente Próximo.[3]

Qual a origem dos assírios?

Os assírios descenderam de povos semitas que habitavam o norte da Mesopotâmia desde o terceiro milênio a.C. A cidade de Assur surgiu como um importante centro religioso e político, a partir do qual a cultura e a identidade assíria começaram a se consolidar. Desde cedo, os assírios foram influenciados pela cultura suméria e acadiana, mas desenvolveram características próprias que os tornaram únicos na Mesopotâmia.

Império dos assírios

O Império Assírio passou por várias fases de expansão e atingiu o seu apogeu durante o Período Neo-Assírio (911-609 a.C.), quando se estendeu sobre grande parte do Oriente Próximo, incluindo a Babilônia, Síria, Israel e Egito. Esse império era conhecido por sua eficiência administrativa e militar, assim como por uma ideologia expansionista que justificava a subjugação de outros povos como um mandato divino para espalhar o culto a Assur.

Exército assírio

O exército assírio era altamente organizado e equipado com tecnologias avançadas para a época, como armas de ferro, carros de guerra e aríetes. Era conhecido por sua brutalidade em combate, utilizando o terror psicológico contra os inimigos e aplicando punições severas aos que resistiam.

Relatos dos próprios reis descrevem massacres e destruições de cidades como formas de aterrorizar outras nações e garantir a obediência. A guerra era vista como uma atividade sagrada, ordenada por Assur, e a vitória em batalha era atribuída tanto à habilidade do rei quanto à intervenção divina.

Representação de soldados assírios em combate.
O exército assírio era conhecido pela sua brutalidade em combate.

Decadência dos assírios

A decadência do Império Assírio começou no final do século VII a.C., devido à combinação de fatores internos e externos, como revoltas e a pressão constante de outros povos.

A guerra contínua esgotou os recursos e o exército do império, e, em 612 a.C., uma aliança entre babilônios e medos resultou na queda de Nínive, a capital assíria, marcando o fim definitivo de seu império. Esse colapso foi uma consequência direta do desgaste militar e da dificuldade em controlar um território tão vasto e diversificado.

Qual é o legado dos assírios?

O legado dos assírios se manifestou em vários aspectos da civilização do Oriente Próximo. Sua organização militar e administrativa influenciou impérios posteriores, como o persa.

No campo cultural, os assírios deixaram contribuições significativas em literatura, arquitetura e arte. A biblioteca de Assurbanipal preservou uma vasta coleção de textos, que incluía obras sumérias, acadianas e babilônicas, proporcionando um valioso registro da antiga Mesopotâmia.

A influência cultural e militar dos assírios é evidente na forma como inspiraram as práticas de impérios subsequentes.

Assírios x babilônios

Embora esses dois povos compartilhassem uma herança cultural comum, assírios e babilônios frequentemente competiram pelo controle da Mesopotâmia. Enquanto os assírios eram conhecidos por seu militarismo e centralização, os babilônios se destacavam pelas realizações culturais e científicas.

A rivalidade entre os dois povos culminou com a ascensão dos babilônios, que, aliados aos medos, destruíram o Império Assírio em 612 a.C. Essa disputa refletiu não apenas uma luta por poder como também uma diferença de abordagem: enquanto os assírios impunham o domínio pela força, os babilônios buscavam uma hegemonia cultural e religiosa na região.

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Exercícios resolvidos sobre os assírios

1. O Império Assírio, que alcançou seu auge no Período Neo-Assírio (911-609 a.C.), destaca-se na história antiga como um dos mais poderosos do Oriente Próximo, caracterizado pela fusão entre poder militar e legitimidade religiosa.

Com base nas características da administração assíria, é possível afirmar que a legitimidade do poder assírio e a manutenção do império estavam diretamente associadas:

a) ao recrutamento de escravos das regiões conquistadas para o serviço militar, suprindo, assim, a constante necessidade de soldados.

b) à construção de uma ampla rede de infraestrutura para facilitar o comércio e a comunicação entre os povos submetidos.

c) à centralização do poder na figura do rei, que era considerado representante direto do deus Assur e exercia autoridade política e religiosa.

d) à adoção de uma política de tolerância religiosa que permitia aos povos dominados manterem suas próprias divindades e práticas religiosas.

e) ao incentivo ao comércio marítimo, garantindo, assim, o controle de rotas comerciais no Mediterrâneo.

Resposta correta: letra C

O poder assírio era amplamente legitimado pela centralização na figura do rei, visto como representante do deus Assur. Essa relação sacralizava o poder do monarca e justificava a expansão militar, transformando as conquistas territoriais em missões divinas. As outras alternativas não refletem com precisão o sistema de governo e controle assírio, que priorizava a autoridade central e o terror como ferramentas de domínio.

2. O Império Assírio e o Império Babilônico, embora compartilhassem uma herança cultural e linguística na região da Mesopotâmia, apresentavam diferentes abordagens de governo e expansão territorial. Considerando as estratégias de dominação dos assírios e dos babilônios, pode-se afirmar que a principal diferença entre os métodos de cada império estava na:

a) dependência do poder militar e da religião para garantir a lealdade dos povos conquistados.

b) construção de alianças com outras potências regionais para garantir a expansão de seus territórios.

c) valorização do poder econômico para fortalecer a administração do império e conquistar novos territórios.

d) utilização de práticas culturais para assegurar a coesão social, promovendo a integração dos povos conquistados.

e) dependência de práticas administrativas e de terror militar para a manutenção do império sob controle.

Resposta correta: letra E

Os assírios dependiam amplamente do uso de práticas militares brutais e de terror psicológico para manterem os povos dominados sob controle, enquanto os babilônios buscavam integrar as conquistas de forma mais cultural e menos punitiva. As demais alternativas não capturam a essência da abordagem assíria, que diferia justamente por depender da força militar para manter a submissão das nações.

Créditos das imagens

[1] Francisco Javier Diaz / Shutterstock

[2] Wikimedia Commons (reprodução)

[3] Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

BARBOSA DOS SANTOS, L. O poder legitimador das representações nos relevos assírios. Revista Aedos, [S. l.], v. 5, n. 13, 2013. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/aedos/article/view/41790.

CAMPOS, Tiago. Compêndio de História Antiga. São Paulo: Cosenza, 2024.

CARREIRA, J. N. O rei e os deuses nos anais assírios. Didaskalia, v. 38, n. 2, p. 77-93, 1 jun. 2008.

LIVERANI, Mario. Antigo Oriente: história, sociedade e economia. Tradução de Ivan Esperança Rocha. 1. ed. São Paulo: Edusp, 2023.


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/historiag/civilizacao-assiria.htm