O triângulo de Pascal é uma ferramenta bastante antiga da matemática. Ao longo da história, ele recebeu vários nomes, mas os mais adotados atualmente são triângulo aritmético e triângulo de Pascal. O segundo nome é uma homenagem ao matemático que fez várias contribuições no estudo desse triângulo, o que não significa que o triângulo foi inventado por ele, mas foi ele quem fez um estudo mais aprofundado dessa ferramenta.
A partir das propriedades do triângulo de Pascal, é possível realizar a sua construção de forma lógica. Também se destaca a sua relação com combinações estudadas na análise combinatória. Os termos do triângulo de Pascal correspondem também a coeficientes binomiais e, por isso, ele é muito útil para calcularmos qualquer binômio de Newton.
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O triângulo de Pascal é produzido a partir do resultado das combinações, porém existe um método prático que facilita a forma de construí-lo. A primeira linha e a primeira coluna são contadas como linha zero e coluna zero. Podemos usar quantas linhas forem necessárias nessa construção, logo o triângulo pode ter infinitas linhas. O raciocínio para a elaboração das linhas é sempre o mesmo. Veja:
Sabemos que os termos do triângulo são combinações, estudadas em análise combinatória. Para substituição do triângulo de Pascal por valores numéricos, sabemos que as combinações de um número com zero e de um número com ele mesmo são sempre iguais a 1. Sendo assim, o primeiro e o último valor são sempre 1.
Para encontrar os demais, começamos pela linha 2, já que a linha 0 e a linha 1 já estão completas. Na linha 2, para encontrar a combinação de 2 para 1, na linha acima, ou seja, na linha 1, vamos somar o termo acima dele na mesma coluna e o termo acima dele na coluna anterior, conforme na imagem:
Após construir a linha 2, é possível construir a linha 3 realizando o mesmo procedimento.
Continuando esse procedimento, encontraremos todos os termos – neste caso, até a linha 5 –, mas é possível construir quantas linhas forem necessárias.
Existem algumas propriedades do triângulo de Pascal, em razão da regularidade em sua construção. Essas propriedades são úteis para trabalhos com combinações, a própria construção das linhas do triângulo e a soma de linhas, colunas e diagonais.
A primeira propriedade foi a que usamos para construir o triângulo. Assim, para encontrar um termo no triângulo de Pascal, basta realizar a soma do termo que está na linha acima dele e mesma coluna com o termo que está na coluna e linha anteriores a ele. Essa propriedade pode ser representada da seguinte maneira:
Essa propriedade é conhecida como relação de Stifel e é importante por facilitar a construção do triângulo e encontrarmos os valores de cada uma das linhas.
A soma de todos os termos de uma linha é calculada por:
Sn=2n, em que n é o número da linha.
Exemplos:
Com essa propriedade, é possível saber a soma de todos os termos de uma linha sem precisar necessariamente construir o triângulo de Pascal. A soma da linha 10, por exemplo, pode ser calculada por 210 = 1024. Ainda que não se conheçam todos os termos, já é possível saber o valor da soma de toda a linha.
A soma dos termos que sequencia desde o começo uma determinada coluna p até uma determinada linha n é igual ao termo que está na linha n+1 posterior e coluna p+1 posterior, como é mostrado a seguir:
A soma de uma diagonal que começa na coluna 0 e vai até o termo que se encontra na coluna p e linha n é igual ao termo que está na mesma coluna (p), mas na linha abaixo (n+1), como mostrado na imagem:
Existe uma simetria nas linhas do triângulo de Pascal. O primeiro e o segundo termo são iguais, o segundo e o penúltimo são iguais e assim sucessivamente.
Exemplo:
Linha 6: 1 6 15 20 15 6 1.
Note que os termos são iguais dois a dois, exceto o termo central.
Veja também: Divisão de polinômios: como resolver?
Definimos como binômio de Newton a potência de um polinômio que possui dois termos. O calculo de um binômio está relacionado com o triângulo de Pascal, que se torna um mecanismo para calcular o que chamamos de coeficientes binomiais. Para calcular um binômio, usamos a seguinte fórmula:
Note que o valor do expoente de a vai diminuindo até que no último termo ele seja igual a a0. Sabemos que todo número elevado a 0 é igual a 1, por isso o termo a não aparece no último termo. Perceba também que o expoente de b começa com b0, logo b não aparece no primeiro termo e vai aumentando até chegar a bn, no último termo.
Além disso, o número que acompanha cada um dos termos é o que chamamos de coeficiente – neste caso, conhecido como coeficiente binomial. Para compreender melhor como resolver esse tipo de binômio, acesse o nosso texto: Binômio de Newton.
O coeficiente binomial nada mais é do que a combinação, que pode ser calculada pela fórmula:
Porém, para facilitar o calculo do binômio de Newton, é essencial o uso do triângulo de Pascal, já que ele nos dá o resultado da combinação de forma mais rápida.
Exemplo:
Para encontrar o resultado do coeficiente binomial, vamos encontrar os valores da linha 5 do triângulo de Pascal, que são {1,5,10,10,5,1}.
(x+y)5= 1x5+5x4y+10x3y2+ 10x2y3 + 5xy4+1y5
Simplificando:
(x+y)5= x5+5x4y+10x3y2+ 10x2y3 + 5xy4+y5
Questão 1 - O valor da expressão abaixo é?
A) 8
B) 16
C) 2
D) 32
E) 24
Resolução
Alternativa A.
Reagrupando os valores positivos e os valores negativos, temos que:
Note que estamos, na verdade, calculando a subtração entre a linha 4 e a linha 3 do triângulo de Pascal. Pela propriedade, sabemos que:
S4 = 24 = 16
S3= 23 = 8
16 – 8 = 8.
Questão 2 - Qual é o valor da expressão abaixo?
A) 32
B) 28
C) 256
D) 24
E) 54
Resolução
Alternativa B.
Note que estamos somando os termos da coluna 1 do triângulo de Pascal até a linha 7, logo, pela 3ª propriedade, o valor dessa soma é igual ao termo que ocupa a linha 7+1 e a coluna 1+1, ou seja, linha 8, coluna 2. Como queremos só um valor, construir o triângulo de Pascal todo não é conveniente.
Por Raul Rodrigues de Oliveira
Professor de Matemática
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/matematica/triangulo-pascal.htm