Sikhismo

Sikhismo é uma religião monoteísta originada no século XV por Guru Nanak, no Punjab. Ela prega a crença em um único Deus e valores como igualdade, justiça e serviço à humanidade.

O sikhismo é uma religião monoteísta originada no século XV por Guru Nanak, no Punjab, que prega a crença em um único Deus, conhecido como Waheguru, e valores como igualdade, justiça e serviço à humanidade. Os sikhs acreditam na meditação no nome de Deus, na honestidade e no serviço ao próximo, rejeitando a discriminação e os rituais supersticiosos. O Guru Granth Sahib é o livro sagrado e Guru eterno, orientando os ritos religiosos, como cerimônias de casamento e funeral, que possuem forte caráter espiritual. O Khanda é o símbolo da fé sikh, representando Deus e a coragem espiritual, e as festas religiosas, como o Guru Nanak Gurpurab e o Baisakhi, que celebram momentos importantes da história da religião.

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Resumo sobre o sikhismo

O que é sikhismo?

Guru Nanak, fundador do sikhismo, explicando ensinamento siques aos sadhus.
Guru Nanak explicando ensinamentos aos siques aos sadhus.

O sikhismo é uma religião monoteísta originada no norte da Índia, especificamente na região do Punjab, no final do século XV. Fundada por Guru Nanak, o sikhismo é uma das religiões mais jovens do mundo. Ela enfatiza a crença em um único Deus e promove valores como igualdade, justiça, honestidade e serviço à humanidade.

O sikhismo surgiu como uma resposta ao cenário social e religioso da época, que era marcado pela divisão entre o hinduísmo e o islamismo, e buscava transcender essas distinções ao pregar a unidade divina e a harmonia entre as pessoas.

Em que o sikhismo acredita?

O sikhismo é baseado na crença em um Deus supremo que é onipresente, eterno e que se manifesta em toda a criação.

Além dessa fé central, os sikhs acreditam nos ensinamentos dos dez Gurus, começando por Guru Nanak e encerrando-se com Guru Gobind Singh, que designou o Guru Granth Sahib (livro sagrado) como o Guru eterno.

A religião também defende o conceito de sewa (serviço) e simran (lembrança constante de Deus). O sikhismo rejeita as castas, os rituais idolátricos e a crença em superstições, promovendo a igualdade e a dignidade para todas as pessoas, independentemente de sua origem ou status social.

Qual é o Deus do sikhismo?

No sikhismo, Deus é conhecido como Waheguru, que significa "Senhor Maravilhoso". Waheguru é descrito como um ser sem forma, eterno, transcendente e imanente. Os sikhs acreditam que Waheguru criou o universo e que está presente em todas as coisas. A adoração no sikhismo não envolve a veneração de ídolos, pois Waheguru é considerado além de qualquer representação física. A relação do fiel com Waheguru é pessoal, e os sikhs acreditam que através da meditação no nome de Deus (Naam Simran) e de uma vida de retidão e serviço aos outros, é possível alcançar a união com o divino.

Quem é Jesus para o sikhismo?

Embora o sikhismo reconheça Jesus como uma figura espiritual importante e respeitada, ele não é considerado o Filho de Deus ou uma divindade, como no cristianismo. Para os sikhs, Jesus é visto como um profeta ou um mestre iluminado que pregou valores morais e espirituais elevados, semelhantes àqueles defendidos pelos Gurus Sikh. No entanto, o sikhismo não atribui a Jesus o papel exclusivo de mediador entre Deus e a humanidade. Em vez disso, os sikhs acreditam que todos têm a capacidade de se conectar diretamente com Deus, sem a necessidade de intermediários.

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Características do sikhismo

→ Crenças do sikhismo

 O sikhismo é fundamentado em três pilares: Naam Japna (lembrar-se de Deus através da meditação e cânticos), Kirat Karni (trabalhar honestamente para ganhar a vida) e Vand Chakna (compartilhar com os outros e ajudar os necessitados). A religião prega a igualdade entre todos, independentemente de gênero, casta ou religião, e condena qualquer tipo de discriminação ou injustiça. Os sikhs também acreditam no karma e na reencarnação, mas com a diferença de que o objetivo final é a libertação (mukti), que só pode ser alcançada através da devoção a Deus e do serviço ao próximo.

→ Livro sagrado do sikhismo

Guru Granth Sahib, o livro sagrado do sikhismo
Guru Granth Sahib é o livro sagrado do sikhismo.

O livro sagrado do sikhismo é o Guru Granth Sahib, uma coleção de hinos e escritos espirituais que foram compilados pelos Gurus Sikh e por outros santos de várias tradições religiosas, como o hinduísmo e o islamismo. O Guru Granth Sahib não é apenas um texto, mas é considerado o Guru eterno pelos sikhs. Ele é reverenciado nas gurdwaras (templos sikh) e é lido em cerimônias religiosas e festivais. O texto central do sikhismo ensina os princípios de vida de acordo com a vontade de Deus, promovendo a espiritualidade, a justiça social e a igualdade.

→ Ritos do sikhismo

Os ritos do sikhismo incluem cerimônias relacionadas a marcos importantes na vida de uma pessoa, como o nascimento, casamento e morte. O nascimento de uma criança é celebrado com orações e a leitura do Guru Granth Sahib, enquanto a cerimônia de nomeação envolve a escolha de uma letra do alfabeto com base em uma passagem aleatória do livro sagrado. O casamento, conhecido como Anand Karaj, é considerado um ato espiritual de união entre duas almas perante Deus. Os funerais sikhs são simples e marcados por orações que ressaltam a libertação da alma.

→ Símbolo do sikhismo

Khanda, o símbolo do sikhismo.
O Khanda é o símbolo do sikhismo. [1]

O principal símbolo do sikhismo é o Khanda, que consiste em uma espada de dois gumes no centro, cercada por um círculo e duas espadas cruzadas na base. O Khanda simboliza a crença no único Deus (espada central), a eternidade e a natureza infinita de Deus (círculo), e a importância da força espiritual e moral (espadas cruzadas). Esse símbolo representa a fé, a coragem, e a justiça, que são valores centrais no sikhismo.

→ Casamento no sikhismo

O casamento no sikhismo é considerado uma união sagrada entre duas almas e não apenas entre duas pessoas. A cerimônia de casamento, chamada Anand Karaj, é realizada na presença do Guru Granth Sahib, e inclui cânticos espirituais que orientam os noivos em sua jornada espiritual e matrimonial. O casal dá quatro voltas em torno do livro sagrado, simbolizando sua aceitação das direções espirituais que ele oferece. O casamento é visto como uma parceria espiritual, onde os dois devem caminhar juntos em direção à verdade e à união com Deus.

→ Festas religiosas do sikhismo

Hola Mohalla, um festival do sikhismo.
Hola Mohalla é um festival do sikhismo no qual ocorrem eventos esportivos e demonstrações de coragem e de força. [2]

As principais festas religiosas do sikhismo incluem o Guru Nanak Gurpurab, que celebra o nascimento do fundador da religião, Guru Nanak; o Baisakhi, que marca o ano novo sikh e a criação da Khalsa (comunidade de sikhs batizados) por Guru Gobind Singh; e o Hola Mohalla, um festival que envolve eventos esportivos e demonstrações de coragem e força. Durante essas festas, os sikhs participam de kirtan (cânticos devocionais), langar (refeição comunitária gratuita) e ações de caridade.

→ Alimentação no sikhismo

Langar, refeição comunitária servida em todos os templos do sikhismo.
O langar é uma refeição comunitária servida em todos os templos do sikhismo. [3]

Embora o sikhismo não tenha regras rígidas sobre a alimentação, muitos sikhs seguem uma dieta vegetariana, especialmente em ocasiões religiosas e em templos (gurdwaras). O langar, uma refeição comunitária servida em todas as gurdwaras (templos do sikhismo), é sempre vegetariano para garantir que pessoas de todas as crenças possam participar sem restrições alimentares. O sikhismo desestimula o consumo de álcool e drogas, pois se acredita que essas substâncias interferem na prática espiritual e na conexão com Deus.

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História do sikhismo

O sikhismo foi fundado no final do século XV, por Guru Nanak, que viajou extensivamente para pregar sua mensagem de unidade, igualdade e devoção a um único Deus. Guru Nanak foi seguido por nove outros Gurus, que deram continuidade ao desenvolvimento da religião. O décimo Guru, Guru Gobind Singh, estabeleceu a Khalsa em 1699, uma comunidade de sikhs batizados que se comprometem a seguir um caminho de pureza, serviço e defesa da justiça.

Após a morte de Guru Gobind Singh, o Guru Granth Sahib foi instituído como o Guru eterno. Desde então, o sikhismo tem se espalhado para várias partes do mundo, embora a maioria de seus seguidores ainda resida no Punjab, na Índia.

Curiosidades sobre o sikhismo

Créditos de imagem

[1] Khanda / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Siddharth Setia / Shutterstock

[3] Tingling1 / Shutterstock

Fontes

NESBITT, Eleanor. Sikhism: A Very Short Introduction. 2. ed. eBook Kindle. Oxford: OUP Oxford, 2016.

SINGH, Nikky-Guninder Kaur. Sikhism: An Introduction. 1. ed. London: I. B. Tauris & Company, 2011. 288 p. (I.B. Tauris Introductions to Religion).


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/religiao/siquismo.htm