O neoclassicismo foi um estilo de época nascido no século XVIII. Ele influenciou artistas de todo o Ocidente. As principais características neoclássicas são a racionalidade, a objetividade e o equilíbrio. As obras da arquitetura neoclássica apresentam harmonia geométrica. Na pintura e na escultura, ficam em evidência a beleza e a nudez. Já a literatura é marcada pela valorização da vida campestre e do amor idealizado.
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O neoclassicismo foi um estilo de época surgido no século XVIII, na Europa.
Em oposição ao movimento barroco, ele apresenta objetividade, simplicidade e equilíbrio.
Debret, Taunay e Montigny são conhecidos nomes da arte neoclássica.
Obras como Eros e Psiquê, de Canova, fazem parte do neoclassicismo.
A literatura neoclássica, ou arcadismo, apresenta elementos como pastoralismo e temas greco-latinos.
O neoclassicismo é um estilo de época surgido na Europa do século XVIII. Ele é um reflexo das ideias iluministas que predominavam nesse período histórico, mas não nos esqueçamos de que já houve estilo semelhante, chamado classicismo (século XVI). Ambos trazem a mesma concepção. O prefixo “neo” é utilizado para indicar que os artistas estavam fazendo uma retomada da estética do classicismo.
Objetividade
Clareza
Racionalismo
Equilíbrio
Simplicidade
Antibarroco
Referências greco-romanas
Jacques Soufflot (1713-1780) — arquiteto francês
William Chambers (1723-1796) — arquiteto britânico
Robert Adam (1728-1792) — arquiteto escocês
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) — poeta brasileiro
Angelica Kauffmann (1741-1807) — pintora suíça
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) — poeta brasileiro
Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830) — pintor francês
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) — compositor austríaco
Antonio Canova (1757-1822) — escultor italiano
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) — poeta português
Marie-Guillemine Benoist (1768-1826) — pintora francesa
José Álvarez de Pereira y Cubero (1768-1827) — escultor espanhol
Jean-Baptiste Debret (1768-1848) — pintor francês
João José de Aguiar (1769-1841) — escultor português
Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny (1776-1850) — arquiteto francês
Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867) — pintor francês
Pedro Américo (1843-1905) — pintor brasileiro
Mary Edmonia Lewis (1844-1907) — escultora estado-unidense
Panteão de Paris (1755), de Jacques Soufflot
Kedleston Hall (1759), de Robert Adam
Obras poéticas de Glauceste Satúrnio (1768), de Cláudio Manuel da Costa
Ariadne abandonada por Teseu (1774), de Angelica Kauffmann
A casa de Somerset (1776), de William Chambers
Inocência entre o vício e a virtude (1790), de Marie-Guillemine Benoist
A flauta mágica (1791), de Wolfgang Amadeus Mozart
Queixumes do pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina (1791), de Manuel Maria Barbosa du Bocage
Marília de Dirceu (1792), de Tomás Antônio Gonzaga
Eros e Psiquê (1793), de Antonio Canova
Apolo visitando Admeto (século XIX), de Nicolas-Antoine Taunay
Ganimedes (1804), de José Álvarez de Pereira y Cubero
A grande odalisca (1814), de Jean-Auguste Dominique Ingres
D. João VI (1823), de João José de Aguiar
Academia Imperial de Belas Artes (1826), de Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny
Viagem pitoresca e histórica ao Brasil (1834), de Jean-Baptiste Debret
Sócrates afastando Alcebíades dos braços do vício (1861), de Pedro Américo
Busto do Dr. Dio Lewis (1868), de Mary Edmonia Lewis
Os projetos arquitetônicos do neoclassicismo são caracterizados pela harmonia geométrica, fruto da racionalidade neoclássica. Assim, os arquitetos valorizam a simplicidade em contraposição aos excessos barrocos. O objetivo é fazer com que uma cidade seja um espaço ideal, planejado, simétrico e funcional.
No entanto, esse ideal neoclássico estava restrito aos meios urbanos, onde se concentrava a elite burguesa. Desse modo, não atingiu os espaços periféricos. A arquitetura neoclássica tem algo de grandioso, em consonância com as construções da Antiguidade, mas apresenta a simplicidade geométrica. É, portanto, sóbria e não decorativa.
As esculturas neoclássicas possuem as mesmas características de outras obras de arte do estilo, ou seja, estão pautadas no equilíbrio, na simetria, na racionalidade, na simplicidade e na clareza. Utilizam temáticas greco-latinas, além de enaltecer o corpo humano e, portanto, a nudez ou seminudez.
Predominam as esculturas em bronze e, principalmente, em mármore branco. Tais obras apresentam harmonia de proporções e, na maioria das vezes, o rosto esculpido é sereno. Os corpos são belos e idealizados, mas bastante realistas em suas formas. Personagens mitológicos são recorrentes.
No que diz respeito à arquitetura e pintura brasileiras, o neoclassicismo se deu apenas no século XIX, e foi resultado da chegada da Corte portuguesa ao Brasil, em 1808. Contudo, as principais obras artísticas são de franceses em território brasileiro, como Debret e Taunay. Já na arquitetura, temos nomes como Montigny.
Esses franceses tiveram, também, a função de formar pintores e arquitetos brasileiros, e tal formação ficou por conta da Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. No entanto, em nosso país, os ideais neoclássicos estavam atrelados a elementos nacionalistas de um Brasil em construção.
Entre as artes, a literatura brasileira foi pioneira ao abraçar o neoclassicismo no século XVIII, no estado de Minas Gerais. Assim, o arcadismo (forma como o neoclassicismo ficou conhecido no Brasil) foi substituído pelo romantismo, em 1836. Quanto ao romantismo na pintura, ele conviveu com os ideais neoclássicos, de forma que pintores como Pedro Américo transitaram entre os dois estilos. A arquitetura neoclássica, no entanto, perdurou até o início do século XX.
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Na literatura, o neoclassicismo também foi marcado pelo equilíbrio e racionalidade. Assim, a poesia neoclássica possui versos simétricos. Além disso, o eu lírico é contido, mais objetivo, sem excessos sentimentais. O amor é idealizado, entendido por uma perspectiva filosófica. Os textos também trazem referências que remetem à Antiguidade.
O campo é valorizado, em oposição à cidade. Nesse ambiente bucólico, o eu lírico aproveita o momento (carpe diem) com sua amada (uma mulher idealizada), na tranquilidade do meio rural, em harmonia com a natureza. Dessa forma, a poesia apresenta elementos como:
pastoralismo: lugar bucólico, onde residem pastoras, pastores e suas ovelhas;
fugere urbem (fuga da cidade): valorização do espaço campesino;
aurea mediocritas (mediocridade áurea): enaltecimento da simplicidade;
inutilia truncat (eliminar o inútil): crítica ao excesso de bens materiais.
Por fim, é preciso mencionar que, na literatura brasileira, o neoclassicismo é chamado de arcadismo.
Créditos de imagem
[2] Wilfredor / Wikimedia Commons (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/artes/neoclassicismo.htm