Aristóteles foi um importante filósofo para a Grécia Antiga e para o Ocidente em geral, visto que a importância dada por ele ao conhecimento empírico e as suas classificações sistemáticas do conhecimento muito influenciaram a Filosofia Escolástica e Moderna e as ciências modernas que surgiram a partir do século XVI.
O filósofo grego também se dedicou a estudos de lógica, que renderam bons resultados para a argumentação, para a linguagem e para a escrita filosófica até a contemporaneidade, quando filósofos da linguagem desenvolveram novos modos de se entender e estudar a lógica.
Confira no nosso podcast: 5 dicas para entender o pensamento de Aristóteles
Aristóteles nasceu em Estagira, na Macedônia;
Teve uma sólida formação em Ciências da Natureza, algo que muito contribuiu para a sua filosofia;
Foi discípulo de Platão;
Lecionou na Academia de Platão;
Após a morte de Platão, retornou para a Macedônia, onde se tornou preceptor de Alexandre, o Grande;
Fundou o Liceu, sua própria escola para ensinamentos filosóficos;
Sistematizou e separou o conhecimento filosófico da Antiguidade.
Nascido na cidade de Estagira, pertencente ao Império Macedônico, no ano de 384 a.C., Aristóteles foi considerado pela posteridade o mais importante filósofo da Grécia, ao lado de Platão. Muito pouco se sabe sobre a sua juventude, com exceção do fato de ter ido viver em Atenas, o que possibilitou que conhecesse o pensador que se tornaria seu mestre: Platão.
Aristóteles estudou na academia de Platão durante muitos anos até se tornar professor da instituição. Nesse período, aprofundou-se nos estudos platônicos sobre o ser e sobre a essência das coisas, sobre a dialética, sobre a política e sobre as ideias socráticas. Também estudou ética e aprofundou seus estudos em ciências da natureza, campo do conhecimento pelo qual o pensador tinha certa predileção – sua formação inicial aprofundou-se bastante nessa área quando era mais jovem.
Durante a sua vida intelectual, Aristóteles afastou-se gradativamente das ideias do seu mestre, Platão. Enquanto Platão considerava válido apenas o conhecimento intelectual da verdade obtido por meio das essências puras, ou seja, um conhecimento puramente intelectual, Aristóteles passou a considerar a validade intelectual de outro tipo de conhecimento: o empírico.
Quando Platão morreu, Aristóteles esperava receber o cargo de gestor da Academia, o que não aconteceu. Chateado com a situação, em 347 a.C., o pensador mudou-se para Artaneus, cidade na Ásia Menor, onde ele recebeu o cargo de conselheiro político.
No ano de 343 a.C., Aristóteles voltou para a Macedônia e tornou-se professor e mentor intelectual do filho do Imperador Filipe II: Alexandre, que mais tarde se tornaria Alexandre, o Grande. No ano de 335 a.C., o pensador fundou Liceu, uma escola filosófica para ensinar os seus discípulos. Havia muitas semelhanças entre o Liceu de Aristóteles e a Academia de Platão.
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Talvez o maior legado que Aristóteles tenha deixado para a posteridade seja a classificação sistemática das áreas do conhecimento, a lógica e a valorização do conhecimento empírico para a obtenção de qualquer conhecimento prático sobre o mundo. Veja a seguir algumas das principais ideias do pensador grego:
Ao contrário de Platão, que era um crítico do sistema político democrático ateniense, Aristóteles reafirmou e defendeu a democracia como a forma mais justa de se governar.
Até então, os estudos filosóficos eram desorganizados sob a ótica sistemática. Não eram comuns as classificações dos modos de conhecimentos. Aristóteles foi um dos que afirmaram a importância da classificação que separa os conhecimentos sobre lógica, ética, política, física, metafísica e estética.
Aristóteles é uma das principais referências em estudos de metafísica e, certamente, a principal referência sobre o assunto na Antiguidade. Muito do que ele escreveu sobre a metafísica veio dos estudos platônicos, porém, há uma imensa carga de conceitos e ideias que Aristóteles acrescentou ou esclareceu de maneira mais profunda.
Em seu livro Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta as suas teorias morais, defendendo o que ele chamou de Ética Eudêmia. O termo “Eudêmia” deriva do mesmo radical da palavra daemon, que no vocabulário grego antigo seria uma entidade equivalente à consciência, ou seja, uma espécie de voz que guia o nosso pensamento e nossas ações. A ética, segundo Aristóteles, deveria ser guiada pela prudência e pela moderação.
Segundo o filósofo, havia uma mediania (uma espécie de justa medida) entre dois extremos morais, que eram considerados viciosos (ruins): um por excesso de algo e outro por falta de algo. A justa medida seria a moderação da ação entre os dois vícios, o que resultaria na virtude. Por exemplo, a coragem seria a virtude por justa medida, compreendida entre o vício da temeridade (excesso de coragem) e covardia (falta de coragem).
Aristóteles escreveu alguns tratados de lógica nos quais nos deixa um método preciso para entender o conhecimento formal (das formas) por meio da linguagem. A lógica é exata, assim como a matemática, e permite o julgamento da forma de um enunciado, permitindo perceber se ele faz sentido ou não. A lógica aristotélica é composta, principalmente, pelo quadrado aristotélico e pela verificação linguística dos enunciados, que hoje pode ser feita pelas tabelas de verdade. O filósofo também conceitua as noções de substância (aquilo que permite que uma matéria siga uma determinada forma) e categorias (diferenças conceituais que classificam os seres, como qualidade, quantidade, cor etc.).
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Pode-se dizer que Aristóteles foi o primeiro pensador a teorizar a importância do conhecimento prático para o entendimento da verdade e do mundo. Segundo o filósofo e ao contrário de Platão, o conhecimento da verdade deveria passar, necessariamente, por dois campos de nosso saber: o intelecto puro e os sentidos do corpo. A nossa capacidade sensorial que é possibilitada pelos órgãos dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) é a responsável pelo aprendizado primeiro e mais básico de nosso intelecto. Aqueles dados sensoriais que obtemos por meio dos sentidos, somente depois de coletados, podem ser depurados pelo intelecto e relacionados aos conceitos puros.
Na imagem abaixo, recorte da Escola de Atenas, afresco de Rafael Sanzio, vemos no plano central Aristóteles, do lado direito do espectador, e Platão, do lado esquerdo. A atitude dos dois pensadores na pintura é emblemática. Ela apresenta as diferenças entre suas ideias quanto ao conhecimento empírico e metafísico, pois Platão aponta o dedo para cima, como quem quer dizer que o conhecimento está no mundo das ideias, enquanto segura o seu diálogo Timeu, que fala da formação da natureza no plano ideal e no plano material (imperfeito). Aristóteles, por sua vez, com sua mão espalmada para baixo e segurando a sua Ética (livro de filosofia prática), parece sinalizar que se deve olhar também para o mundo prático, sensorial e material.
Temos, hoje, conhecimento de 22 textos deixados por Aristóteles. A maioria são tratados extensos escritos pelo próprio filósofo e, em muitos casos, divididos em vários livros ou tomos. Dentro de sua obra, também se encontram alguns conjuntos de notas que deveriam ser usadas nas aulas do filósofo no Liceu. Especula-se que algumas dessas notas tenham sido feitas por seus alunos.
Veja alguns dos principais escritos de Aristóteles separados por seus assuntos gerais:
Tratado metafísico: A Metafísica, conjunto de escritos denominado pelo filósofo de Escritos sobre Filosofia Primeira e, posteriormente, reunidos e catalogados por Andrônico de Rodes, é um extenso tratado sobre uma filosofia pura que se dedicaria a entender o que é o ser em sua totalidade, ou seja, uma espécie de ciência geral, mestra de todas as ciências.
Tratados de Lógica:
Categorias – pequeno tratado de lógica que apresenta a necessidade da distinção de categorias diferentes para que a expressão filosófica faça sentido. Também são apresentadas nesse livro as noções básicas da lógica clássica.
Da Interpretação – texto que possui pontos em comum com O Sofista, de Platão. Fala sobre a verdade e sobre a relação das palavras escritas e as operações mentais, ou o raciocínio.
Tratados de Física:
Physica – constituída de oito livros, a obra faz observações científicas sobre a Física Antiga, anotando algumas noções que os antigos já possuíam sobre, por exemplo, densidade e movimento.
Tratados de Biologia
Aristóteles escreveu alguns tratados de biologia, analisando o funcionamento dos corpos animais, classificação de plantas e insetos e as teorias sobre a origem da vida. Entre seus tratados sobre o assunto, estão:
História dos animais
Da Geração e da Corrupção
Da Geração Animal
Tratados de Antropologia
Da Alma – escritos sobre a formação da alma, que habitaria e daria movimento e vida aos corpos humanos, além da capacidade racional. Também pode ser considerado um tratado de psicologia antigo.
Tratados sobre escrita (poesia e retórica)
Poética
Retórica
“O homem é, por natureza, um animal político.”
“O homem é um animal de linguagem.”
“O menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito na medida em que avança.”
“O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa tudo o que diz.”
Fontes
ARISTÓTELES. Metafísica. 2ª ed. tradução, introdução e comentários de Giovanni Reale. São Paulo: Edições Loyola. 2002.
ARISTÓTELES. Categorias. Tradução, introdução e notas de José Veríssimo Teixeira da Mata. Goiânia: Ed. UFG; Alternativa, 2005.
MARINA, José Antonio. Filosofia e Cidadania – vol. Único, 1 ed. São Paulo: SM, 2010.
POMBO, Olga. As Obras de Aristóteles. Disponível em: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/liceu/obras_aristoteles.htm.
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/aristoteles.htm