Arnaldo Antunes

Arnaldo Antunes é um compositor, cantor e poeta brasileiro. Suas obras literárias estão inseridas na literatura contemporânea brasileira.

Arnaldo Antunes é um compositor, cantor e poeta brasileiro. Ele nasceu em 2 de setembro de 1960, na cidade de São Paulo. Mais tarde, fez grande sucesso com a famosa banda de rock Titãs. Além de publicar livros, também faz shows e performances artísticas no Brasil e no mundo.

A poesia de Antunes apresenta caráter verbivocovisual, pois alia palavra, som e imagem. Assim, sua poesia, extremamente visual, possui traços concretistas. Seus textos poéticos exploram a musicalidade, a estranheza e a plurissignificação. Uma de suas obras mais famosas é o livro As coisas.

Leia também: Poesia concreta — tipo de poesia que trabalha artisticamente a palavra, o som e a imagem

Resumo sobre Arnaldo Antunes

Biografia de Arnaldo Antunes

Arnaldo Antunes nasceu em 2 de setembro de 1960, na cidade de São Paulo. Mais tarde, estudou no colégio Equipe, na década de 1970, onde conheceu alguns integrantes da futura banda Titãs. Nessa instituição, intensificou seu envolvimento com a arte, especificamente a literatura, o cinema e a música.

Ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo (USP), em 1978. Mas, no ano seguinte, se mudou, com a família, para o Rio de Janeiro e continuou o curso na Pontifícia Universidade Católica (PUC). Em 1980, já casado, voltou para São Paulo, onde ele e a esposa residiram na casa do artista José Roberto Aguilar.

Passou a realizar performances e, em companhia de Beto Borges e Sergio Papi, editou, em 1980, a revista Almanak 80. No ano seguinte, os parceiros editaram a revista Kataloki, agora também com Nuno Ramos. Em 1982, ocorreu a estreia da banda Titãs (inicialmente, Titãs do Ieiê). Em 1983, Antunes publicou seu primeiro livro — Ou e.

No ano seguinte, a banda Titãs gravou seu primeiro disco e se apresentou nos principais programas de tevê populares da época. O sucesso foi imediato e, com ele, a atenção da mídia. Ao ser flagrado com heroína, o escritor ficou preso durante um mês em 1985. No mais, o sucesso da banda sobressaía à sua carreira de escritor.

Separado de Go, sua primeira esposa, começou a morar com sua nova companheira — Zaba Moreau —, em 1988. Além do trabalho na banda, o autor realizava performances, além de ser um dos editores da revista Atlas. Nesse ano, sua banda se apresentou na Suíça e em Portugal. Já em 1990, Antunes participou de mostra de poesia visual na Alemanha.

Em 1991, os Titãs se apresentaram no Rock in Rio. No ano seguinte, o compositor ganhou o APCA de Melhor Música do Ano pela canção Grávida, em parceria com Marina Lima. Nesse ano de 1992, Arnaldo Antunes deixou de se apresentar com os Titãs, apesar de ainda compor para a banda.

Seu primeiro álbum em carreira solo é o CD Nome, que, acompanhado por DVD, foi lançado em 1993, mesmo ano em que Arnaldo Antunes ganhou o Prêmio Jabuti pelo livro As coisas. Assim, o autor se firmou como artista múltiplo, que se divide em performances, shows e literatura.

No ano de 2002, juntamente com Marisa Monte e Carlinhos Brown, lançou o CD Tribalistas, que chegou, inclusive, a ganhar o Grammy Latino em 2003. Seu livro Et eu tu ganhou, em 2004, o Prêmio Jabuti. Em 2011, o poeta apresentou um programa na MTV — Grêmio recreativo. E, em 2016, recebeu mais um Jabuti, pelo livro Agora aqui ninguém precisa de si.

Arnaldo Antunes na atualidade

Arnaldo Antunes continua fazendo suas performances e shows, além de escrever e publicar livros. Em 2023, participou do show “Titãs Encontro”, em uma turnê comemorativa dos 40 anos da banda. Seu último livro, Algo antigo, foi publicado em 2021.

Características das obras de Arnaldo Antunes

A poesia de Arnaldo Antunes é de inspiração concretista. Dizemos “inspiração” porque o movimento concretista brasileiro ocorreu na década de 1950. A poesia concreta está pautada na verbivocovisualidade, ou seja, a combinação entre palavra, som e imagem. A poesia de Antunes também trabalha com esses três aspectos.

Ela é, acima de tudo, uma poesia visual e traz a palavra como matéria-prima a ser moldada e ressignificada no poema. A musicalidade também é um fator importante na poesia desse autor da literatura contemporânea brasileira. Assim, os textos de Antunes exploram a imagem, o som, o movimento e a palavra, em sua estranheza e plurissignificação.

Veja também: Paulo Leminski — escritor brasileiro cujas obras possuem alguns traços concretistas

Obras de Arnaldo Antunes

Análise da obra As coisas, de Arnaldo Antunes

Capa do livro “As coisas”, de Arnaldo Antunes, publicado pela editora Iluminuras.
Capa do livro As coisas, de Arnaldo Antunes, publicado pela editora Iluminuras. [2]

Obra vencedora do prêmio Jabuti, As coisas possui textos que podem ser classificados como poesia em prosa. O livro traz ilustrações de Rosa Moreau Antunes, filha do poeta, a qual, na época, tinha cerca de três anos de idade.

A seguir, vamos mostrar três textos retirados desse livro. O primeiro deles é “os peitos”:

Os peitos

Mulheres
têm dois
peitos. Os
homens têm
um peito só. |1|

Na segunda linha, o distanciamento entre as duas palavras sugere a presença dos dois seios femininos. A musicalidade é obtida por meio da repetição do verbo “têm” e da recorrência da consoante “s”. Por fim, ao dizer que os homens têm “um peito só”, o eu lírico sugere a solidão masculina.

O segundo texto é “a ponte”:

A ponte

A ponte é
aonde cho-
ve o rio
embaixo
dela. |2|

Ele é marcado pela estranheza e plurissignificação, já que o rio é comparado a uma espécie de chuva que ocorre sob a ponte. Mais que isso, a existência da ponte é condicionada à existência do rio, já que ela “é aonde chove o rio”, como se ponte e rio fossem uma coisa só.

Por fim, no texto “cama e cadeira”, o eu lírico faz uma série de associações ou caracterizações entre as coisas:

Cama deitar, cadeira sentar. Camisa braço, calça perna. Teto parede chão. Porta janela. Leite branco, café preto, manteiga pão. Prato comer, copo beber. Carro ir, carro vir. Orelha entrar, boca sair. Gesto mão braço, perna pé passo. [...]. Cadeira assento, cama leito. Um por si, cem por cento. |3|

Notas

|1|, |2| e |3| ANTUNES, Arnaldo. As coisas. 9. ed. São Paulo: Iluminuras, 2000.

Créditos de imagem

[1] Liade Paula / Ministério da Cultura / Ordem do Mérito Cultural / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Editora Iluminuras (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

ANTUNES, Arnaldo. As coisas. 9. ed. São Paulo: Iluminuras, 2000.

ARNALDO ANTUNES. Bio. Disponível em: https://www.arnaldoantunes.com.br/bio.

CAMPOS, Augusto de; PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Haroldo de. Plano-piloto para poesia concreta. Noigandres, São Paulo, v. 4, 1958.

CARNEIRO, Fabiana Carmen. Há muitas e muito poucas palavras: a poética de Arnaldo Antunes em As coisas. 2011. Dissertação (Mestrado em Literatura) – Departamento de Língua e Literatura Vernáculas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

FERREIRA JÚNIOR, Hernany Luiz Tafuri. “Abre-te, cérebro!”, as multifaces da poética de Arnaldo Antunes. 2015. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2015.

MENEZES, Philadelpho. Poesia concreta e visual. São Paulo: Ática, 1998.


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/literatura/arnaldo-antunes.htm