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Cetamina

Cetamina é um anestésico usado tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária. Seu uso requer supervisão médica devido aos potenciais efeitos colaterais e ao risco de abuso.

A cetamina é um anestésico dissociativo utilizado principalmente na medicina veterinária e humana. Ela foi descoberta em 1962, inicialmente como alternativa mais segura à fenciclidina (PCP) para anestesia. Nesse contexto, ela logo se destacou por sua capacidade de induzir anestesia sem afetar gravemente a respiração e a circulação, tornando-a um importante recurso em cirurgias e tratamentos médicos.

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Resumo sobre cetamina

O que é cetamina?

Fórmula estrutural da cetamina.
Fórmula estrutural da cetamina.

A cetamina é um anestésico dissociativo utilizado principalmente na medicina veterinária e humana, cujos efeitos compreendem um estado de anestesia, amnésia, analgesia e sedação, sem suprimir totalmente as funções respiratórias e cardiovasculares. Além de seu uso médico, também é conhecida pelo potencial de abuso como droga recreativa devido aos seus efeitos alucinógenos.

Para que serve a cetamina?

A cetamina possui diversas aplicações. O principal uso da cetamina é como anestésico, tanto em animais quanto em seres humanos:

Quanto ao seu mecanismo de ação, a cetamina age principalmente como antagonista do receptor NMDA (N-metil-D-aspartato) no cérebro. Ao bloquear esses receptores, ela interfere na ação do glutamato, um neurotransmissor excitatório crucial para a transmissão de sinais entre as células nervosas. Esse bloqueio, portanto, resulta em uma redução da excitabilidade neuronal, o que contribui para seus efeitos anestésicos e analgésicos.

Cetamina no tratamento da depressão

A cetamina tem sido estudada como uma opção de tratamento para a depressão resistente, sobretudo em casos em que outros métodos não foram eficazes. Em vista disso, é importante destacar alguns pontos a respeito desse tratamento:

Como a cetamina deve ser usada?

A cetamina deve ser usada conforme as orientações do médico, e devido aos seus efeitos psicoativos é importante que ela seja administrada em um ambiente médico seguro e supervisionado. Ademais, a dose varia dependendo da condição que está sendo tratada, da idade e do peso do paciente. Já quanto à frequência, também pode variar, sendo administrada como uma única dose em alguns casos e como uma série de doses ao longo do tempo em outras situações.

Veja também: O que são as anfetaminas?

Efeitos colaterais da cetamina

A cetamina pode causar alguns efeitos colaterais, especialmente quando usada em doses mais altas ou por longos períodos de tempo. Entretanto, um fato importante é que esses efeitos e a gravidade deles podem variar de pessoa para pessoa. Nesse caso, alguns dos mais comuns são:

Perigos e precauções da cetamina

Pessoa derretendo cetamina para fazer uso recreativo.
O uso recreativo da cetamina, além de causar dependência, pode levar a uma overdose.

A cetamina pode ser um medicamento útil em certas situações, mas também apresenta alguns perigos e requer precauções especiais ao ser utilizada.

Perigos da cetamina

Precauções da cetamina

Quem não deve usar cetamina?

Existem algumas pessoas que não devem usar cetamina devido aos riscos associados ao seu uso. Por isso, é importante considerar alguns fatores antes de usar essa substância, bem como consultar um médico para avaliar os riscos e benefícios individuais do tratamento. Por exemplo, devem evitá-la pessoas com as seguintes condições:

Vale ressaltar, também, que não há dados suficientes sobre a segurança da cetamina durante a gravidez, portanto seu uso não é recomendado em mulheres grávidas, a menos que seja absolutamente necessário e sob orientação médica.

História da cetamina

A cetamina foi descoberta em 1962 por Calvin Stevens, um cientista da Parke-Davis, que estava pesquisando novos anestésicos. Nesse sentido, ela foi desenvolvida para substituir a fenciclidina, que estava sendo usada como anestésico na época, mas tinha efeitos colaterais graves. Diante disso, a cetamina foi introduzida no mercado em 1970 sob o nome comercial de Ketalar.

Inicialmente, ela foi utilizada principalmente como anestésico em humanos e animais. Contudo, rapidamente ganhou popularidade devido à sua capacidade de induzir anestesia sem suprimir totalmente a respiração e a circulação, o que a tornava mais segura do que outros anestésicos da época. Já nos anos seguintes, estudos clínicos mostraram que a cetamina pode aliviar rapidamente os sintomas depressivos em algumas pessoas, levando ao seu uso off-label (fora das indicações aprovadas) para essa finalidade.

Por fim, atualmente ela é usada em uma variedade de contextos médicos, incluindo anestesia, controle da dor e tratamento da depressão. No entanto, seu uso ainda é controverso devido aos seus potenciais efeitos colaterais e ao seu potencial de abuso. Dessa forma, a pesquisa sobre a cetamina e seus usos terapêuticos continua avançando para uma melhor compreensão dos seus mecanismos de ação e aplicações clínicas.

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Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/drogas/cetamina.htm