Neoconcretismo

Neoconcretismo é um movimento artístico de origem brasileira que surgiu no final da década de 1950. A principal característica de suas obras é seu caráter interativo.

Neoconcretismo é um movimento artístico que surgiu no Brasil na década de 1950. O ápice do movimento ocorreu em 1959, quando Ferreira Gullar publicou o Manifesto neoconcreto.

As obras neoconcretas apresentam caráter interativo e abstrato. E se opõem ao racionalismo excessivo do Concretismo. Dois importantes nomes do Neoconcretismo são Ferreira Gullar e Lygia Clark.

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Resumo sobre neoconcretismo

O que foi o neoconcretismo?

O Neoconcretismo foi um movimento artístico e literário que surgiu no Brasil no final da década d 1950. Ele é um desdobramento da estética concretista. E seu principal fundador é o poeta Ferreira Gullar, que escreveu o Manifesto neoconcreto, em 1959.

Contexto histórico do neoconcretismo

Em 1959, quando o Neoconcretismo chegou ao seu auge, o mundo estava sob a ameaça da Guerra Fria (1947-1981). Esse conflito político entre países capitalistas e socialistas teve início em 1947 e perduraria até 1991. Durante esse período, a humanidade estava de sobreaviso, temerosa da eclosão de uma guerra nuclear.

No Brasil, predominava o regime capitalista no governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek (1902-1976), quando foi construída Brasília, a sede do poder estatal. Era um período marcado pela industrialização e pelo estímulo ao consumo. Nesse contexto, valorizar a participação do receptor-leitor-consumidor se mostrava pertinente.

Características do Neoconcretismo

O Neoconcretismo apresenta as seguintes características:

Além destas, a poesia do Neoconcretismo também apresenta estas particularidades:

Manifesto neoconcreto

O Manifesto neoconcreto foi escrito pelo autor Ferreira Gullar e publicado, em 1959, no Jornal do Brasil. Além de Gullar, assinaram o manifesto os seguintes artistas: Franz Weissmann, Lygia Clark, Reynaldo Jardim, Lygia Pape, Amilcar de Castro e Theon Spanudis. Nesse documento, são explicitados os princípios do movimento.

O texto critica a arte concreta, “levada a uma perigosa exacerbação racionalista”. O manifesto é escrito por ocasião da I Exposição Neoconcreta, acontecida em 1959. E propõe “uma reinterpretação do neoplasticismo, do construtivismo e dos demais movimentos afins, na base de suas conquistas de expressão e dando prevalência à obra sobre a teoria”.

O neoconcreto, portanto, é contrário ao cientificismo e ao positivismo na arte. Para Gullar, o “racionalismo rouba à arte toda a autonomia e substitui as qualidades intransferíveis da obra de arte por noções da objetividade científica”. De forma que a arte concreta, em relação à recepção, estaria baseada apenas em “estímulo e reflexo” e não em participação do receptor ou leitor.

Segundo o manifesto, a arte neoconcreta valoriza o “espaço expressivo”. Além disso, defende também “a independência da criação em face do conhecimento objetivo (ciência) e do conhecimento prático (moral, política, indústria etc.)”. Por fim, o manifesto afirma que os participantes da I Exposição Neoconcreta não são um “grupo”, mas apenas pessoas que compartilham de uma “afinidade” artística.

Portanto, no manifesto, sobressaem as seguintes ideias:

Principais artistas do neoconcretismo

Obras do Neoconcretismo

Um dos bólides de “Bólides”, uma obra neoconcreta de Hélio Oiticica, um importante nome do neoconcretismo.
Um dos bólides de Bólides, obra neoconcreta de Hélio Oiticica. [2]

Diferenças entre Neoconcretismo e Concretismo

A principal diferença entre Neoconcretismo e Concretismo está no papel do receptor diante da obra. Assim, é a interação do receptor, com o objeto artístico ou literário, que vai ser responsável pelo sentido da obra. Portanto, as obras neoconcretas existem em função da interação com leitor ou receptor.

O Concretismo é mais racional, já o Neoconcretismo tende à abstração, à imaginação. O Concretismo valoriza o espaço da folha, enquanto o Neoconcretismo busca a obra tridimensional. O Concretismo se opõe ao caráter simbólico da palavra, mas o Neoconcretismo o valoriza. Para saber mais detalhes sobre o Concretismo, movimento ao qual o Neoconcretismo se opõe, clique aqui.

Exercícios resolvidos sobre neoconcretismo

Questão 1

(Enem)

“Bicho de bolso”, objeto escultórico produzido por Lygia Clark, em uma questão do Enem sobre neoconcretismo.

O objeto escultórico produzido por Lygia Clark, representante do Neoconcretismo, exemplifica o início de uma vertente importante na arte contemporânea, que amplia as funções da arte. Tendo como referência a obra Bicho de bolso, identifica-se essa vertente pelo(a)

A) participação efetiva do espectador na obra, o que determina a proximidade entre arte e vida.

B) percepção do uso de objetos cotidianos para a confecção da obra de arte, aproximando arte e realidade.

C) reconhecimento do uso de técnicas artesanais na arte, o que determina a consolidação de valores culturais.

D) reflexão sobre a captação artística de imagens com meios óticos, revelando o desenvolvimento de uma linguagem própria.

E) entendimento sobre o uso de métodos de produção em série para a confecção da obra de arte, o que atualiza as linguagens artísticas.

Resolução:

Alternativa A.

A principal característica do Neoconcretismo é a interação do receptor com a obra de arte, a qual é estimulada pela obra de Lygia Clark.

Questão 2

Lembra é um poema espacial de Ferreira Gullar. A obra consiste em um cubo que, ao ser levantado pelo leitor, deixa visível o verbo LEMBRA. Assim, esse poema neoconcreto apresenta:

A) limitação semântica.

B) cunho interativo.

C) aspecto sociopolítico.

D) racionalismo.

E) caráter antissensorial.

Resolução:

Alternativa B.

A obra de Gullar exige a participação do leitor/ receptor. Portanto, apresenta caráter interativo. Tal ação é sensorial e subjetiva, e gera uma multiplicidade de sentidos.

Créditos de imagem

[1] Lygia Clark / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] elefteria1 / Hélio Oiticica / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2015.

GERHEIM, Fernando. Cruzamentos entre palavra e imagem em três momentos da arte brasileira. ARS, São Paulo, v. 18, n. 39, maio/ ago. 2020.

LYGIA CLARK. Manifesto do neoconcretismo. Disponível em: https://portal.lygiaclark.org.br/acervo/5741/manifesto-do-neo-concretismo.

SALZSTEIN, Sonia. Construção, desconstrução: o legado do neoconcretismo. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 90, jul. 2011. 


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/artes/neoconcretismo.htm