Quando usar o hífen? De maneira geral, ele é utilizado em palavras compostas sem elemento de ligação. Esse tipo de palavra apresenta dois ou mais termos, como, por exemplo, “guarda-chuva”, formada por “guarda” e “chuva”. Exceção à regra são as palavras “mandachuva” e “paraquedas”.
Já vocábulos como “mão de obra” não usam hífen, já que os termos “mão” e “obra” estão ligados pela preposição “de”. Você também precisa usar hífen após os prefixos “além”, “aquém”, “bem”, “ex”, “pós”, “pré”, “pró”, “recém”, “sem”, “sota”, “soto” e “vice”. Mas existem outras regras, que você vai conhecer a seguir.
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O hífen (-) é um sinal gráfico. Esse sinal é utilizado em substantivos ou adjetivos compostos, que são aqueles formados por mais de uma palavra. Por exemplo, “segunda-feira” (substantivo) ou “bem-humorado” (adjetivo). O hífen também é utilizado para ligar pronomes pessoais átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, lhes, os, as) a verbos, como em: “amar-nos”, “dizer-lhe” etc.
Além disso, é usado na separação de sílabas, como você pode ver em “or-to-pe-dis-ta”. Mas o que gera dúvida é o uso do hífen em substantivos e adjetivos compostos. Para isso, existem regras de uso desse sinal gráfico. Essas regras indicam quando você deve usar e quando você não deve usar o hífen. São elas que veremos a seguir.
Nós usamos hífen em palavras compostas que não apresentam elemento de ligação. As preposições “de” e “a” são exemplos de elemento de ligação, que estão presentes em substantivos compostos como “pé de moleque” e “dia a dia”. Uma palavra composta é formada por dois ou mais termos, como você verifica em “pé de moleque”, palavra que apresenta três vocábulos.
Portanto, se a palavra composta não apresentar elemento de ligação, ela leva hífen:
Mas existem duas exceções a essa regra, que são as palavras “mandachuva” e “paraquedas”.
Outro uso do hífen é nas palavras compostas, sem elemento de ligação, em que os termos da palavra são parecidos ou mesmo repetidos. É o caso das palavras:
Você percebeu que “tique” e “taque” são vocábulos parecidos, pois essas palavras apenas se diferenciam pelo uso de “i” em vez de “a” ou vice-versa. O mesmo podemos dizer de “zigue” e “zague”.
O hífen também é usado em palavras compostas em que o segundo elemento utiliza o sinal gráfico chamado apóstrofo (’):
Adjetivos gentílicos ou pátrios são palavras que apontam a origem geográfica de alguém ou de alguma coisa. Esse tipo de adjetivo, quando composto, é escrito com hífen:
Quando os dois termos da palavra composta apontam etnia, você precisa usar hífen:
Quando você for se referir a palavras compostas que indicam seres da fauna ou da flora, você precisa usar hífen. Nesse caso, tanto faz se a palavra tem ou não tem elemento de ligação:
O encadeamento vocabular é uma sequência de palavras que tem alguma associação entre si. Mas a relação entre esses vocábulos não é constante, é algo ocasional, momentâneo.
Veja estes exemplos:
O percurso França-Espanha foi marcado por tragédias.
O processo ensino-aprendizagem é muito estudado.
Se, ao escrever, fazemos esse tipo de encadeamento, precisamos usar o hífen.
O prefixo é o elemento que vem antes do radical, ou seja, antes da parte principal de uma palavra. Depois dos prefixos abaixo, o hífen é obrigatório:
Já após o prefixo “mal”, o hífen aparece somente antes de vogal (a, e, i, o, u), “h” ou “l”:
Além disso, usamos hífen após todos os prefixos que terminam com a mesma vogal que começa o segundo elemento da palavra composta. Por exemplo, o prefixo “micro” termina com “o” e o vocábulo “ondas” começa com “o”. Então a palavra “micro-ondas” tem hífen.
Outros exemplos:
O hífen também é utilizado após prefixos que acabam com a mesma consoante que começa o segundo elemento da palavra composta:
O hífen é usado após os prefixos “circum” e “pan” caso tais prefixos sejam seguidos de vocábulos iniciados por vogal (a, e, i, o, u) ou pelas letras “h”, “m” ou “n”:
Por fim, depois de prefixo acabado com vogal (a, e, i, o, u), “r” ou “b”, o hífen é obrigatório se o elemento seguinte começa com a letra “h”:
Se o prefixo “mal” não for seguido de vogal, “h” ou “l”, você não precisa usar hífen:
Quando somente um dos termos da palavra composta indicar etnia, o hífen não é utilizado:
Você se lembra de que falei que palavras compostas sem elemento de ligação levam hífen? Então é fácil concluir que palavras compostas com elemento de ligação não levam hífen:
Porém, essa regra também tem exceções:
Além disso, não usamos hífen após os prefixos que terminam com vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento da palavra composta. Por exemplo, o prefixo “auto” termina com “o” e o vocábulo “escola” começa com “e”. Então a palavra “autoescola” não tem hífen.
Outros exemplos:
Nunca use hífen após estes prefixos:
Por fim, se o prefixo acaba com vogal (a, e, i, o, u) e é seguido de palavra iniciada com a letra “r” ou a letra “s”, você precisa dobrar o “r” ou o “s”:
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Questão 1
Assinale a alternativa em que TODAS as palavras seguem, corretamente, a mesma regra de uso do hífen.
A) Copo-de-leite, pimenta-do-reino, couve-flor.
B) sul-rio-grandense, porto-alegrense, luso-fonia.
C) Louva-a-deus, joão-de-barro, cor-de-rosa.
D) corre-corre, pega-pega, água-viva.
E) recém-formado, pré-aquecer, pós-morte.
Resolução:
Alternativa A.
Na alternativa A, todos os elementos fazem parte da flora. Na B, “lusofonia” não tem hífen, já que apenas um dos elementos indica etnia. Na C, “cor-de-rosa” não se refere a um componente da fauna como “louva-a-deus” e “joão-de-barro”. Na D, “água-viva” não é palavra composta por termos que se repetem, como “corre-corre” e “pega-pega”. Finalmente, em E, a forma correta é “preaquecer”, pois o prefixo é “pre” e não “pré”.
Questão 2
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) Deve-se usar o hífen em “anti-idade”, “auto-observação” e “neo-otomanismo”.
( ) Não se deve usar o hífen em “superabundante”, “hipermercado” e “ultravioleta”.
( ) Deve-se usar o hífen em “cão-de-guarda”, “pão-de-ló” e “pé-de-moleque”.
A sequência correta é:
A) V, V, F.
B) F, V, V.
C) V, F, F.
D) V, F, V.
E) F, V, F.
Resolução:
Alternativa A.
Se o prefixo termina com a mesma vogal que inicia o termo seguinte, usamos o hífen: “anti-idade”, “auto-observação” e “neo-otomanismo”. Assim, o correto é “ultravioleta”. Se o prefixo termina com “r”, só usamos hífen se o termo seguinte começa com “r”. Portanto, não têm hífen as palavras “superabundante” e “hipermercado”. Palavras compostas com elemento de ligação não usam hífen: “cão de guarda”, “pão de ló” e “pé de moleque”.
Fonte
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 40. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2024.
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/acordo-ortografico/hifen-o-que-mudou.htm