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Educação e emprego

O surgimento de novas tecnologias pode aumentar o chamado desemprego estrutural
O surgimento de novas tecnologias pode aumentar o chamado desemprego estrutural
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Se por um lado o desenvolvimento tecnológico dos processos de produção na indústria, na construção civil, na agricultura e demais segmentos garante uma maior produtividade (com otimização de tempo e de matéria-prima), por outro dificulta a inclusão ou permanência no emprego de trabalhadores com menor grau de instrução. Assim, ou são excluídos definitivamente, aumentando os números do trabalho informal, ou são conduzidos a postos de trabalho com salários cada vez mais baixos.

Em outras palavras, ao passo que novas tecnologias permitem um avanço em termos de crescimento econômico, podem também aumentar o chamado desemprego estrutural, o qual é gerado pela substituição da mão de obra humana pelo trabalho de máquinas e equipamentos modernos comandados por sistemas informatizados e automatizados. Da produção de brinquedos a grandes montadoras de automóveis, da produção agrícola à prestação de serviços nos centros urbanos, esse tipo de desemprego se faz presente.

Dessa forma, não seria melhor que não reestruturássemos os processos produtivos, mantendo uma economia atrofiada para que assim pudéssemos manter empregos para todos? Seria necessário defendermos um movimento de destruição das máquinas assim como pregava o ludismo no início do século XIX na Europa? Certamente que não, pois essas não seriam alternativas inteligentes. A saída existente não é impedir o crescimento econômico e desenvolvimento dos processos industriais para estágios mais modernos. Os caminhos para o enfrentamento desse problema perpassam políticas que asseguram garantias aos trabalhadores (salários, jornadas de trabalho) como também dizem respeito a medidas políticas para regulação da economia por parte do Estado. Porém, isso não é tudo. É fundamental considerarmos o fato de que vivemos na era do conhecimento e da informação e, dessa forma, pensarmos no papel protagonista da educação.

A ocupação dos cargos nos mais diferentes setores da economia depende (para além das questões já apontadas acima, bem como de conjunturas nacionais e internacionais em tempos de globalização comercial) também da criação de condições para uma formação profissional de qualidade para um maior número de indivíduos. Se por um lado o desemprego estrutural reduz a presença humana nas fábricas e lavouras, por outro requer a presença de trabalhadores mais capacitados, isto é, dotados de mão de obra especializada para operar instrumentos mais complexos. Sem oportunidades de uma vida escolar, isto se torna cada vez mais difícil.

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Conforme publicação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em março de 2011, no Brasil, os pobres representavam mais da metade dos desempregados, correspondendo a quase 55% do total. Esse dado é muito significativo, pois se pensarmos nas dificuldades das classes mais pobres em terem acesso a uma educação de qualidade, veremos como poderá se perpetuar a exclusão do acesso ao emprego de uma fatia da sociedade.

Segundo dados publicados pelo Governo Federal em março de 2011, o Brasil teve um aumento de 7,5% em seu PIB em 2010, passando, dessa forma, para a posição de 7ª maior economia do mundo. Obviamente, são números expressivos e significativos, pois representam o salto que a economia brasileira viveu nessa última década. Porém, o crescimento do PIB não resolve por si só os desafios sociais do país (embora possa significar algum progresso), dentre eles criar políticas educacionais universais e de qualidade (do ensino fundamental à pós-graduação), com vistas à erradicação da pobreza e da exclusão social. Assim, o crescimento econômico do país deve promover também o desenvolvimento social, o qual implica em maior expectativa de vida, maior distribuição de renda e melhores condições para que se possa estudar mais, alcançando-se maior nível de instrução e preparo para melhores postos de trabalho. Dessa forma, se o Estado não promover políticas e investimentos em educação e se os resultados do crescimento econômico se concentrarem nas mãos de poucos, ele mesmo (o crescimento) poderá ser comprometido pela falta de mão de obra especializada. Sem melhor educação, contrariando o ditado popular, o Brasil não será o país do futuro.

Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

 

Sociologia - Brasil Escola

Escritor do artigo
Escrito por: Paulo Silvino Ribeiro Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

RIBEIRO, Paulo Silvino. "Educação e emprego"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/educacao-emprego.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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