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Amerício (Am)

O amerício é um metal da classe dos actinídeos que é muito utilizado em detectores de fumaça.

Pessoa segurando um cubo laranja, com o símbolo do amerício, com uma tabela periódica branca como plano de fundo.
O amerício é um elemento que pertence ao grupo dos actinídeos.
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O amerício, símbolo Am, é um metal pertencente ao grupo dos actinídeos, localizado no sétimo período da Tabela Periódica. É um elemento sintético, isto é, só pode ser produzido em laboratório, não tendo sido encontrado na natureza até então. Apesar de ser um elemento radioativo, é muito utilizado em detectores de fumaça.

Esse elemento apresenta diversas cargas possíveis nos compostos que forma, contudo, a carga +3 é a mais comum. Sua produção se dá por irradiação de isótopos de plutônio com nêutrons, enquanto a forma metálica pode ser obtida via reações de oxirredução ou decomposição térmica. Foi descoberto, na década de 1940, pelos cientistas Glenn Seaborg, Albert Ghiorso, Ralph James e Leon Morgan.

Saiba mais: Mendelévio — outro elemento químico pertencente ao grupo dos actinídeos

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Propriedades do amerício

  • Símbolo: Am.

  • Número atômico: 95.

  • Massa atômica: 243 u.m.a.

  • Eletronegatividade: 1,3.

  • Ponto de fusão: 1176 °C.

  • Ponto de ebulição: 2011 °C.

  • Densidade: 13,671 g.cm-3.

  • Configuração eletrônica: [Rn] 7s2 5f7.

  • Série Química: actinídeos, metais.

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Características do amerício

O amerício, de número atômico 95, é um actinídeo que apresenta 13 isótopos, todos eles radioativos, cujas massas variam de 232 a 247 e tempos de meia-vida entre 55 segundos e 7380 anos. Dentre estes, os mais importantes são o 241Am e 243Am, os quais possuem, respectivamente, 432 e 7380 anos de meia-vida.

A forma metálica do amerício já foi produzida, sendo de coloração prateada, dúctil, não magnético e bastante maleável. Em solução, o amerício é mais comumente encontrado com NOx +3, embora compostos em que o Am apresenta carga de +2 a +7 já tenham sido reportados.

Onde o amerício pode ser encontrado?

Até hoje não se informou nenhuma fonte natural do elemento 95, ou seja, todo amerício presente foi sintetizado em laboratório, sendo por isso um elemento sintético.

Obtenção do amerício

Os dois principais isótopos do amerício, de massas 241 e 243, podem ser produzidos por irradiação de isótopos do plutônio.

No caso do 241Am, nêutrons são irradiados em um isótopo 239Pu até que ele se transforme em 241Pu. Posteriormente, o 241Pu sofre decaimento beta e então forma o 241Am:

Já o 243Am é produzido de forma similar, porém por meio do isótopo 242Pu:

O amerício metálico pode ser preparado pelos seguintes métodos:

  • redução do AmF3 com bário (ou lítio) metálico;

  • redução do AmO2 com lantânio metálico;

  • redução do AmF4 com cálcio metálico;

  • decomposição térmica do Pt5Am.

Amerício altamente puro (> 99,9%) pode ser obtido pela redução com lantânio em um equipamento de tântalo, por meio de destilação, já que o Am é 104 vezes mais volátil que o La.

Aplicações do amerício

Detector de fumaça, no teto de uma casa, alertando a presença de fumaça no ambiente.
Detectores de fumaça: o amerício tem papel fundamental nesses dispositivos de segurança.

 Por incrível que pareça, o amerício é um elemento radioativo que seria bom termos em casa. Isso porque o AmO2 é o componente chave de detectores de fumaça. Cerca de 0,3 μg (micrograma, 10-6 grama) do isótopo 241Am é colocado dentro de um invólucro metálico selado desse dispositivo, emanando radiação alfa.

A menor carga elétrica que surgir da ionização do ar pela radiação alfa faz o detector perceber que está tudo bem. Porém, partículas de fumaça absorvendo a radiação alfa reduzem a quantidade de ionização e, assim, a corrente elétrica, acionando o detector e disparando o alarme sonoro.

Veja também: Gálio — o metal que possui importantes aplicações na medicina

História do amerício

O elemento 95 surgiu no contexto do Projeto Manhattan (o projeto que visava construir as primeiras bombas atômicas da história e que culminou com o desenvolvimento das bombas atômicas de Hiroshima e de Nagasaki), tendo sua descoberta sido creditada aos cientistas Glenn Seaborg, Ralph James, Leon Morgan e Albert Ghiorso.

A bomba atômica Fat Man, que seria detonada no dia 9 de agosto de 1945 na cidade japonesa de Nagasaki, tinha como fonte radioativa o 239Pu, produzido a partir do 238U. A fim de garantir uma melhor otimização do processo nuclear da bomba, os cientistas sabiam que todas as impurezas deveriam ser estudadas calmamente, além de que as dificuldades deveriam ser entendidas. Esse foi o trabalho de um grupo de cientistas do Mettalurgical Laboratory (Met Lab) da Universidade de Chicago, hoje conhecido como Argonne National Laboratory.

Alguns novos isótopos sintéticos surgiram dos processos reacionais realizados envolvendo o urânio e o plutônio, e era difícil separá-los, o que fez os cientistas usarem o ciclotron de 60 polegadas de Ernest Lawrence. A utilização do equipamento permitiria a criação desses isótopos em um ambiente controlado.

Assim, foram detectados isótopos do elemento 95, como o 24195, após o seguinte processo reacional:

O elemento 95 foi então chamado de Amerício (Am), como forma de reconhecer o seu local de descoberta, mas também porque o lantanídeo logo acima do elemento é o európio.

Curiosamente, era previsto que os novos elementos seriam apresentados em uma conferência da American Chemical Society, programada para o dia 16 de novembro de 1945. Porém, cinco dias antes, Glenn Seaborg participou de um programa de rádio ao vivo chamado de Quiz Kids.

Durante o show, uma criança perguntou ao cientista se novos elementos, além do plutônio e neptúnio, haviam sido descobertos no Met Lab durante a guerra. Ao responder, Seaborg disse: “Agora você terá que dizer aos seus professores para trocarem os 92 elementos de seu livro para 96 elementos.” Sem dúvida alguma, um spoiler daqueles.

Exercícios resolvidos sobre amerício

Questão 1

(Unimontes-MG 2015) O amerício-241, isótopo emissor de partícula alfa, é usado em detectores de fumaça e tem meia-vida de 432 anos. O produto de decaimento do amerício-241 e a porcentagem aproximada desse isótopo original que ainda restará depois de 1000 (mil) anos são, respectivamente, iguais a

A) urânio-237 e 25%.

B) netúnio-237 e 50%.

C) urânio- 239 e 12,5%.

D) netúnio-237 e 25%.

Resolução:

Alternativa D

Sendo o amerício-241 um emissor alfa, temos a seguinte reação:

Perceba que, ao emitir uma partícula alfa, o produto deve possuir 4 unidades a menos de massa e 2 unidades a menos de número atômico. Assim, o produto é Np-237.

O amerício-241, a cada 432 anos, tem sua massa decaída pela metade. Em 1000 anos, o 241Am recém teria passado do segundo tempo de meia-vida (864 anos). Portanto, a quantidade resultante aproximada desse radioisótopo é de 25%.

Questão 2

(PUC RJ) O isótopo 241 do amerício, radioativo, é usado em detectores domésticos de fumaça e na análise mineral dos ossos. O número de elétrons, prótons e nêutrons do amerício 241 é, respectivamente,

A) 241, 241, 146

B) 95, 95, 148

C) 241, 241, 148

D) 146, 241, 241

E) 95, 95, 146

Resolução:

Alternativa E

O 241Am possui, como qualquer isótopo do amerício, Z = 95. Por ser uma espécie atômica eletricamente neutra, o número de elétrons também é 95. Já o número de nêutrons é calcualdo como:

A = Z + n

em que A é o número de massa atômica, Z é o número atômico (prótons) e n é o número de nêutrons. Substituindo os valores, temos que:

241 = 95 + n

n = 241 – 95

n = 146

 

Por Stéfano Araújo Novais
Professor de Química

Escritor do artigo
Escrito por: Stéfano Araújo Novais Stéfano Araújo Novais, além de pai da Celina, é também professor de Química da rede privada de ensino do Rio de Janeiro. É bacharel em Química Industrial pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

NOVAIS, Stéfano Araújo. "Amerício (Am)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/americio.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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