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O que foi a Conferência de Munique?

A Conferência de Munique fez parte da fracassada política de apaziguamento imposta por Reino Unido e França para evitar uma guerra contra a Alemanha durante a década de 1930.

Neville Chamberlain, primeiro-ministro britânico, mostra o papel do acordo realizado na Conferência de Munique em 1938
Neville Chamberlain, primeiro-ministro britânico, mostra o papel do acordo realizado na Conferência de Munique em 1938
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O que foi a Conferência de Munique?

A Conferência de Munique foi uma reunião realizada entre os líderes de Reino Unido, França, Alemanha e Itália para debater o interesse alemão em anexar a seu território a região dos Sudetos, então pertencente à Tchecoslováquia. O acordo fazia parte da fracassada política de apaziguamento realizada por britânicos e franceses com a Alemanha Nazista durante a década de 1930.

Expansionismo alemão e a política de apaziguamento

Um dos pilares da ideologia nazista desenvolvida por Adolf Hitler foi o lebensraum, conhecido como “espaço vital” alemão. Essa ideia, que havia sido desenvolvida durante o século XIX na Alemanha, foi apropriada e ampliada por Hitler com o objetivo de anexar todos os territórios que possuíam alemães étnicos, principalmente no Leste Europeu. Portanto, esse espaço vital nazista não incluía apenas os territórios perdidos pela Alemanha após a Primeira Guerra, mas também abrangia uma vasta região na Europa.

A construção desse ideal não se fundou somente em interesses políticos e econômicos de Hitler, mas sua ideologia também carregava um forte princípio racista. Para mais detalhes sobre a construção ideológica do lebensraum, clique aqui.

A partir dessas concepções, Hitler iniciou a política de expansionismo territorial e, para alcançar seus objetivos, precisava fortalecer a Alemanha militarmente. No entanto, isso só seria possível se ele ignorasse o Tratado de Versalhes. Esse acordo, assinado pelos alemães após a rendição na Primeira Guerra Mundial, proibia o país de possuir mais de 100 mil militares.

Para concretizar a expansão territorial nazista, a Alemanha passou a reformular seu exército a partir da convocação de novos soldados e da modernização de sua estrutura. Assim, com a reestruturação do exército alemão, o país começou seu projeto expansionista, no qual os primeiros alvos foram Áustria e Tchecoslováquia.

A postura de Reino Unido e França em vista das ações alemãs ficou conhecida como política de apaziguamento, pois ambos os países apenas faziam reclamações por meio da diplomacia sem, no entanto, assumir nenhuma postura mais enérgica. Além disso, como parte dessa política, foram realizadas algumas concessões para conter a ambição germânica. Isso ocorria, principalmente, por causa do temor com a possibilidade de uma nova guerra acontecer na Europa.

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Anexação da Áustria

O primeiro passo de Hitler foi a anexação da Áustria. Em 1938, o líder nazista, que era austríaco de nascimento, passou a coagir as lideranças austríacas a aceitarem a anexação de seu país ao território alemão. Na década de 1930, a Áustria já possuía um considerável apoio ao Partido Nazista, no entanto, os líderes austríacos não viam com bons olhos essa intenção de anexar seus territórios.

Após a invasão alemã em março de 1938, um plebiscito em abril determinou, com a aprovação dos austríacos, a anexação da Áustria à Alemanha. Esse evento ficou conhecido como Anschluss. A invasão nazista não gerou nenhuma reação de França e Reino Unido.

Questão dos Sudetos e Conferência de Munique

Ao permitirem a invasão e anexação da Áustria, França e Reino Unido imaginaram que a ambição territorial de Hitler chegaria ao fim. No entanto, isso não aconteceu, e o líder alemão voltou-se para os Sudetos, região da Tchecoslováquia que possuía população de origem étnica germânica. Essa ação foi vista como um interesse de Hitler em garantir o controle da forte malha industrial existente naquela área.

A ambição de Hitler levou as potências europeias a reunirem-se para discutir a situação dos Sudetos na Conferência de Munique. Essa reunião contou com a presença de Adolf Hitler (líder da Alemanha), Neville Chamberlain (primeiro-ministro britânico), Édouard Daladier (primeiro-ministro francês) e Benito Mussolini (líder da Itália).

Como franceses e britânicos estavam impondo a política de apaziguamento para evitar um novo conflito, seus líderes acabaram aceitando as exigências da Alemanha e forçaram a Tchecoslováquia a abrir mão de sua soberania sobre a região dos Sudetos. Em troca, eles exigiram o fim das ambições territoriais de Hitler e a demonstração da Alemanha pela manutenção da paz.

Saldo da Conferência de Munique

A Conferência de Munique é vista como um grande fracasso da política de apaziguamento, pois sacrificou a soberania da Tchecoslováquia em detrimento das pretensões de Hitler. No entanto, o acordo foi visto por Chamberlain como uma grande vitória e defendido como uma medida de garantia da paz na Europa. A História, entretanto, provou o contrário.

Hitler saiu moralmente vitorioso de Munique e viu na fraqueza das ações de franceses e britânicos um motivo para continuar a sua expansão territorial. Pouco tempo depois, a Alemanha invadiu a Tchecoslováquia por completo e, em seguida, realizou a invasão da Polônia, ato que levou ao início da Segunda Guerra Mundial em setembro de 1939.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "O que foi a Conferência de Munique?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-conferencia-munique.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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