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Oswald de Andrade

Autor do conceito de antropofagia e idealizador da Semana de Arte Moderna de 1922, Oswald de Andrade é uma das figuras literárias mais importantes do século XX.

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Oswald de Andrade era poeta, romancista, dramaturgo, jornalista e professor. Ele foi um dos precursores do modernismo brasileiro. Teve contato direto com as vanguardas europeias do início do século XX, em Paris, assimilando em sua obra várias das novidades que fervilhavam no mundo das artes europeu e trazendo ao Brasil novos horizontes culturais.

Irônico, provocador e militante político, foi o idealizador dos manifestos modernistas brasileiros, além de uma das personalidades mais polêmicas de seu tempo. Seu nome está diretamente relacionado com a organização da Semana de Arte Moderna de 1922, com a reformulação do que se considerava arte e literatura no Brasil, e com o fortalecimento da intelectualidade nacional.

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Tópicos deste artigo

Biografia de Oswald de Andrade

José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo, em 11 de janeiro de 1890, em uma família de posses. Foi esse patrimônio familiar que o possibilitou, ainda muito jovem, em 1912, passar uma temporada na Europa, onde teve contato com a boemia estudantil parisiense e com o futurismo ítalo-francês.

Oswald de Andrade é uma importante figura da primeira fase do Modernismo. [1]
Oswald de Andrade é uma importante figura da primeira fase do Modernismo. [1]

Formou-se em Direito em 1919, mas passou a atuar como jornalista literário, escrevendo para diversos jornais, como o Correio Paulistano, o Correio da Manhã, O Estado de São Paulo e o Diário Popular.

Foi, ao lado do amigo Mário de Andrade, um dos principais agitadores do modernismo no Brasil. Com Mário, Anita Malfatti, Menotti del Picchia e Tarsila do Amaral, formou o chamado Grupo dos Cinco, que articulou a Semana de Arte Moderna de 1922.

Entre 1923 e 1934, produziu intensamente em diversos gêneros literários — manifestos, poemas, peças teatrais e um ciclo de romances, todos intensamente atrelados à empreitada modernista.

Casou-se com a pintora Tarsila do Amaral em 1926, com quem viajou diversas vezes à Europa, sempre imerso nos círculos artísticos e intelectuais parisienses. Contudo, a Grande Depressão de 1929 e a chegada de Vargas ao poder em 1930 levaram Oswald a perder boa parte de seus bens.

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À luz da agitação política do período, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), à época Partido Comunista do Brasil. Seu trabalho literário tornou-se, então, mais diretamente relacionado com as questões sociais, com a luta antifascista e anticapitalista e com as pautas da esquerda de forma geral.

Já divorciado de Tarsila, envolveu-se com a também escritora Patrícia Galvão, com quem fundou, em 1931, o jornal O Homem do Povo, publicação em que manifestou seu ativismo comunista e satirizou as hipocrisias da sociedade paulistana de sua época.

Rompeu com o PCB em 1945, quando obteve o título de livre-docente pela Universidade de São Paulo, com a tese A crise da filosofia messiânica.

Morreu em São Paulo, em 22 de outubro de 1954.

Características literárias de Oswald de Andrade

Retrato de Oswald de Andrade tirado em 1920.
Retrato de Oswald de Andrade tirado em 1920.

Experimental, visionária e múltipla, a literatura de Oswald de Andrade está diretamente vinculada à figura do escritor cosmopolita, que viveu, analisou e satirizou uma sociedade em constante transformação. Foi influenciado pelas vanguardas europeias, principalmente pelo Cubismo e pelo Dadaísmo, combinadas a um compromisso com uma arte que não apenas absorvesse as influências estrangeiras, mas que consolidasse uma produção verdadeiramente brasileira.

São traços de estilo da obra de Oswald a ironia e o humor, atrelados a uma aguçada e divertida percepção histórica, que se debruça com frequência sobre a questão da (des)colonização do Brasil e da América. Rupturas sintáticas e com o cânone do passado, textos fragmentários, linguagem coloquial, colagens e paródias são também características de sua literatura. Nas palavras de Alfredo Bosi, “a junção de modernismo e primitivismo que, em última análise, define a visão de mundo e a poética de Oswald”|1|.

Haroldo de Campos caracteriza a obra poética de Oswald de Andrade como radical, pois retoma a raiz do fazer poético: a linguagem. É pela retomada da linguagem como produto social que Oswald rompe com o antigo cânone da poesia brasileira, que até então se agarrava a uma intelectualidade retórica, tacanha, contida, oligárquica. Costurando a fala do povo à linguagem escrita, o autor revoluciona a prática literária brasileira, libertando a poesia de ser “um jargão de casta”, um diploma da intelectualidade e do refinamento de gosto.

Veja também: Clarice Lispector – a autora do intimismo e da epifania

Principais obras

  • Manifestos

Manifesto Pau-Brasil (1924);
Manifesto antropofágico (1928).

  • Poesia

Pau-Brasil (1925);
Primeiro caderno de poesia do aluno Oswald de Andrade (1927);
Poesias reunidas (1945).

  • Teatro

O homem e o cavalo (1943);
A morta; O rei da vela (1937).

  • Prosa

Memórias sentimentais de João Miramar (1924);
Serafim Ponte Grande (1933);
A trilogia do exílio: Os condenados (1922), Estrela de absinto (1927) e A escada vermelha (1934);
Marco zero I - revolução melancólica (1943);
Marco zero II - chão (1946).

Oswald de Andrade e o modernismo

A consolidação do projeto modernista no Brasil foi o principal eixo condutor da literatura de Oswald. Todos os esforços empreendidos pelo autor buscavam o novo Sol do modernismo, que livraria a literatura brasileira do tom jocoso e estritamente acadêmico do parnasianismo, além de solidificar o terreno para florescer uma arte verdadeiramente nacional, que não fosse um eco distante dos movimentos artísticos em voga na Europa.

Enquanto Mário de Andrade foi considerado o grande mentor intelectual do primeiro modernismo, Oswald é tido como o grande homem de ação do movimento. Foi o autor dos dois principais manifestos modernistas: o Manifesto Pau-Brasil, de 1924, no qual defende seu desejo de que a poesia brasileira torne-se um produto cultural de exportação, como foi, historicamente, a árvore do Pau-Brasil, propondo uma poesia revolucionária, que escapasse do padrão mimético em voga na época; e o Manifesto antropófago ou antropofágico, de 1928, com teor ainda mais político, defendendo a proposta da antropofagia, isto é, a arte brasileira deveria deglutir a influência estrangeira inevitável, eliminando o que não interessa e gerando algo completamente novo, puro e primitivo.

Crédito da imagem
[1]
Arquivo Nacional

Notas
|1| BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 18. ed. São Paulo: Cultrix, 2018. p. 385.


Por Luiza Brandino
Professora de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Luiza Brandino Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

BRANDINO, Luiza. "Oswald de Andrade"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/oswald-andrade.htm. Acesso em 23 de abril de 2024.

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Lista de exercícios


Exercício 1

(UNIFESP – SP)

SENHOR FEUDAL

Se Pedro Segundo

Vier aqui

Com história

Eu boto ele na cadeia.

Oswald de Andrade

O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a ideia de poder retoma o conceito de

a) fé religiosa.

b) relação de vassalagem.

c) idealização do amor.

d) saudade de um ente distante.

e) igualdade entre as pessoas.

Exercício 2

Vício na fala

Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados.

Oswald de Andrade

Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes proposições:

I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o preconceito linguístico e nos chama a atenção para a necessidade de uma espécie de ética linguística pautada na diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua.

II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro, sobretudo das classes incultas que desconhecem o nível formal da língua.

III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, de certa forma, constroem um “telhado”, ou seja, criam novas formas de pronúncia que se sobressaem, em muitos casos, à norma culta.

IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota certo preconceito linguístico do autor, que julga a norma culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas menos esclarecidas.

a) Todas estão corretas.

b) I e III estão corretas.

c) I, III e IV estão corretas.

d) II e III estão corretas.