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Cinco poemas de Paulo Leminski

Os poemas de Paulo Leminski marcaram a literatura brasileira e revelaram um estilo poético único.

Capa do livro Toda Poesia, publicado pela Editora Companhia Das Letras
Capa do livro Toda Poesia, publicado pela Editora Companhia Das Letras
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A poesia de Paulo Leminski é efeito de um período na história, década de 1970, em que a repressão era significativamente presente. Dessa forma, os poetas dessa geração criaram novos recursos que possibilitassem a comunicação e a expressão. A linguagem indireta e metafórica, a ruptura com as formas composicionais tradicionais foram alguns dos aspectos utilizados por eles.

Leminski, influenciado por valores libertários e contraculturais, em combate à gerência ditatorial da época, foi destaque da poesia marginal.

Isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além.

Muitos autores afirmam que é complexo classificar o tipo de poesia que Paulo Leminski desenvolveu. Isso acontece porque ele se enamorou por muitas vertentes: MPB, tropicalismo, modernismo, poesia marginal, concretismo e algumas características da literatura japonesa. Essa última, além de ser responsável pelos inteligentes e divertidos haicais leminskianos, revelou que o autor também foi um exímio tradutor, visto que Matsuo Bashō, pioneiro na escrita de haicais no Japão, teve obras traduzidas pelo nosso haicaísta brasileiro.

Capa do livro Vida – 4 Biografias, publicado pela Editora Companhia das Letras
Capa do livro Vida – 4 Biografias, publicado pela Editora Companhia das Letras

A equipe do Brasil Escola selecionou cinco poemas que são destaques da obra de Paulo Leminski. Nossa intenção é fazer com que vocês percebam a singularidade na escrita desse autor que tanto flertou com diversos recursos da linguagem e enriqueceu a literatura brasileira com um estilo poético único. Boa leitura!

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Bem no fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela -- silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

ameixas
ame-as
ou deixe-as.

Perto do osso a carne é mais gostosa

Sossegue coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos a fora

calma calma
logo mais a gente goza
perto do osso
a carne é mais gostosa.

Amor Bastante

Quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante.

O que quer dizer

O que quer dizer diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.


Por Mariana Pacheco
Graduada em Letras

Escritor do artigo
Escrito por: Mariana do Carmo Pacheco Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PACHECO, Mariana do Carmo. "Cinco poemas de Paulo Leminski"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/cinco-poemas-paulo-leminski.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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