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Augusto Frederico Schmidt

Augusto Frederico Schmidt é um escritor carioca que faz parte da segunda fase do modernismo brasileiro. Suas obras possuem caráter intimista e temática metafísica.

Augusto Frederico Schmidt na foto da capa de publicação da Fundação Alexandre de Gusmão junto à editora Thesaurus. [1]
Augusto Frederico Schmidt na foto da capa de publicação da Fundação Alexandre de Gusmão junto à editora Thesaurus. [1]
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Augusto Frederico Schmidt foi um poeta brasileiro. Ele nasceu em 18 de abril de 1906, na cidade do Rio de Janeiro. Mais tarde, se tornou dono de uma editora, além de se associar a várias empresas, tendo muito sucesso como empresário. Ele também atuou como conselheiro político no governo de Juscelino Kubitschek.

O poeta, que faleceu em 8 de fevereiro de 1965, no Rio de Janeiro, é um autor pertencente à segunda fase do modernismo brasileiro. Suas obras, portanto, conciliam a inovação com a tradição. Assim, seus poemas possuem tanto versos livres quanto regulares e apresentam conflito existencial.

Leia também: Graciliano Ramos — um dos principais autores da segunda fase do modernismo no Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Augusto Frederico Schmidt

  • O escritor Augusto Frederico Schmidt nasceu em 1906 e faleceu em 1965.

  • Além de poeta, também foi empresário de sucesso e conselheiro do presidente JK.

  • Suas obras fazem parte da segunda fase do modernismo brasileiro.

  • Sua poesia possui caráter intimista, nostalgia e elementos do catolicismo.

Biografia de Augusto Frederico Schmidt

Augusto Frederico Schmidt nasceu em 18 de abril de 1906, no Rio de Janeiro. Quando ele tinha oito anos de idade, a família se mudou para a Suíça. Dois anos depois, ficou órfão de pai, e sua família voltou ao Brasil. Em Juiz de Fora, estudou no Instituto Granbery.

Em 1922, voltou a viver no Rio de Janeiro. Dois anos depois, estava em São Paulo, onde trabalhava como caixeiro-viajante. Nessa cidade, se tornou amigo do escritor integralista Plínio Salgado (1895-1975). De volta ao Rio de Janeiro, em 1928, trabalhou como gerente de uma serralheria e publicou seu primeiro livro: Canto do brasileiro.

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Por sua vez, em 1930, decidiu fundar uma editora. Quatro anos depois, se tornou sócio da Metrópole Seguros. Já em 1936, se casou com Yedda Ovalle (1912-1996). No ano seguinte, começou a escrever para o Correio da Manhã. Empresário de sucesso, em várias áreas, se tornou também dono de um supermercado em 1952.

Esteve muito vinculado a Juscelino Kubitschek (1902-1976). Isso porque trabalhou como redator em sua campanha e, mais tarde, atuou como conselheiro do governo. Foi Schmidt quem criou o famoso lema desse governo: “Cinquenta anos em cinco.” Porém, faleceu em 8 de fevereiro de 1965, no Rio de Janeiro, após sofrer um ataque cardíaco.

Características literárias de Augusto Frederico Schmidt

Apesar de Augusto Frederico Schmidt ter publicado seu primeiro livro ainda na primeira fase do modernismo brasileiro e de conhecer vários autores desse período, suas obras apresentam características da segunda fase modernista. Na chamada fase de reconstrução, os autores conciliam inovação e tradição literária. Portanto, os textos de Schmidt apresentam estas características:

  • caráter intimista;

  • versos livres e regulares;

  • nacionalismo;

  • temas universais;

  • elementos católicos;

  • conflito existencial;

  • temática metafísica;

  • hibridismo de gêneros;

  • nostalgia;

  • temas recorrentes:

    • morte;

    • solidão;

    • incerteza sobre os rumos da humanidade.

Principais obras de Augusto Frederico Schmidt

Capa do livro “Poemas de amor”, de Augusto Frederico Schmidt, publicado pelo Grupo Editorial Global.
Capa do livro Poemas de amor, de Augusto Frederico Schmidt, publicado pelo Grupo Editorial Global. [2]
  • Canto do brasileiro (1928)

  • Cantos do liberto (1929)

  • Navio perdido (1929)

  • Pássaro cego (1930)

  • Desaparição da amada (1931)

  • Canto da noite (1934)

  • Estrela solitária (1940)

  • Mar desconhecido (1942)

  • O galo branco (1948)

  • Fonte invisível (1949)

  • Mensagem aos poetas novos (1950)

  • Paisagens e seres (1950)

  • Ladainha do mar (1951)

  • Morelli (1953)

  • Os reis (1953)

  • As florestas (1958)

  • Aurora lívida (1958)

  • Babilônia (1959)

  • Prelúdio à revolução (1964)

  • O caminho do frio (1964)

  • Sonetos (1965)

  • Poemas de amor (1988)

Veja também: O quinze, de Rachel de Queiroz — outra obra pertencente à segunda fase do modernismo brasileiro

Poemas de Augusto Frederico Schmidt

No poema As desaparecidas |1|, o eu lírico (a voz que enuncia o poema) diz que “moças desaparecidas estão chamando”. É a lembrança delas que o chama. Elas são mulheres de seu passado. E podem estar mortas, apenas ausentes ou distantes no tempo. O texto, apesar de escrito em versos livres, tem um aspecto romântico, pois apresenta melancolia, saudosismo, solidão e referência à morte:

As moças desaparecidas estão chamando.
Ouço suas vozes. São vozes de fogueiras.
São vozes de vento nas vidraças!
Em torno de mim, há a noite que se debruça como se estivesse me espiando.
Ouço a voz da minha prima Julieta, os seus cabelos se agitam.
As suas mãos fazem gestos e ruídos de pulseiras finas.

As moças desaparecidas estão chamando.
Que agitação de sombra desce pelo jardim,
Pelo eterno jardim agora povoado!
As moças desaparecidas estão chamando
Caminham para mim com os seus sorrisos.
Estou vendo Maria Helena, estou vendo as outras,
Estou vendo as que brincavam de amor nos portões pequeninos.
Alguma coisa de fundo cresce da grande tristeza desses chamados.
São as mortas que eram claras e meninas
São as delicadas que o beijo da morte prende misteriosamente
São os chamados das moças, da minha prima e de todas as outras,
Este chamado que estou ouvindo com o silêncio desta noite.

Já no poema Canto da madrugada |2|, os versos livres são usados para enaltecer a aurora. Ela é personificada, comparada a uma criança. O eu lírico mostra o cotidiano do campo na chegada da aurora. Além disso, parece apresentar um elemento metalinguístico quando, no último verso, menciona “um canto” (o poema) que “vem acordar a aurora adormecida”:

Avancei pela noite. Abri os braços e recebi a aurora pequenina.
Chorava ainda. Suas lágrimas desceram sobre o meu rosto.
Veio um perfume forte de flores molhadas,
Renovaram-se as vozes dos galos pelas campinas úmidas.
Lenhadores dormem nos casebres frios.
Estão nascendo flores misteriosas
Estão crescendo grandes almas nas sombras da noite.
Porque há um canto que sai da noite e vem acordar a aurora adormecida!

Livraria Schmidt Editora

Fundada em 1930, no Rio de Janeiro, a Livraria Schmidt Editora fechou as portas em 1939. Mas, nesses nove anos de existência, publicou livros de autores como:

  • Graciliano Ramos (1892-1953);

  • Leonel Franca (1893-1948);

  • Alceu Amoroso Lima (1893-1983);

  • Virgílio de Melo Franco (1897-1948);

  • Gilberto Freire (1900-1987);

  • Marques Rebelo (1907-1973);

  • Otávio de Faria (1908-1980);

  • Rachel de Queiroz (1910-2003);

  • Lúcio Cardoso (1912-1968);

  • Jorge Amado (1912-2001);

  • Vinicius de Moraes (1913-1980).

Notas

|1| SCHMIDT, Augusto Frederico. As desaparecidas. Disponível em: https://grupoeditorialglobal.com.br/catalogos/livro/?id=1778.

|2| SCHMIDT, Augusto Frederico. Canto da madrugada. Disponível em: https://fundacaoschmidt.org.br/canto-da-madrugada/.

Créditos de imagem

[1] Fundação Alexandre de Gusmão / Editora Thesaurus (reprodução)

[2] Grupo Editorial Global (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Augusto Frederico Schmidt"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/augusto-frederico-schmidt.htm. Acesso em 18 de abril de 2024.

De estudante para estudante


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