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Primavera de Praga

Primavera de Praga foi um evento ocorrido em 1968, na Tchecoslováquia, no qual a população exigiu reformas liberalizantes, mas foi abafado pelas tropas soviéticas.

Praga, capital da União Soviética, onde aconteceu, em 1968, a primavera que tentou resistir aos mandos soviéticos.[1]
Praga, capital da União Soviética, onde aconteceu, em 1968, a primavera que tentou resistir aos mandos soviéticos.[1]
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A Primavera de Praga foi um evento ocorrido na Tchecoslováquia, em 1968, no qual a população saiu às ruas exigindo reformas liberalizantes. Naquela época, o país fazia parte da União Soviética e seguia as regras impostas por Moscou. A chegada de Alexander Dubcek como primeiro-secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia foi determinante para que o governo local buscasse concretizar os pedidos de reformas. A União Soviética, em agosto daquele ano, enviou suas tropas para a Tchecoslováquia e encerrou a Primavera de Praga.

Leia mais: Totalitarismo — regime político baseado no controle da vida, no nacionalismo e no autoritarismo

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Primavera de Praga

  • Foi um evento ocorrido na Tchecoslováquia, em 1968, no qual a população exigiu reformas que garantissem liberdade no país.

  • A Tchecoslováquia fazia parte da União Soviética, e seu governo seguia as rígidas regras vindas de Moscou, como manutenção de um partido único, censura à imprensa e economia planificada.

  • As tropas soviéticas foram enviadas à Tchecoslováquia em agosto de 1968 e encerraram a Primavera de Praga.

Antecedentes históricos da Primavera de Praga

Com o final da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética avançou seus domínios sobre a Europa Oriental. Entre os países ocupados, estava a Tchecoslováquia. O governo local deveria seguir as ordens de Moscou, como a censura, a existência de um único partido político (governista) e a economia planificada (gerida pelo Estado), além de aceitar a presença militar soviética em seu território.

Enquanto governou a União Soviética, o ditador Joseph Stalin não poupou esforços para garantir a ordem interna no bloco comunista. O autoritarismo de Moscou garantiu a fidelidade dos países anexos à URSS e evitou manifestações populares contrárias ao governo. No entanto, essa realidade começou a mudar, em 1953, com a morte de Stalin. Os países do bloco comunista, então, tentaram realizar reformas que garantissem mais liberdade. Em 1956, os húngaros fizeram essa tentativa, mas foram reprimidos pelas tropas soviéticas. A Tchecoslováquia, em 1968, seguiu o mesmo caminho.

Causas da Primavera de Praga

A Primavera de Praga foi uma reação ao autoritarismo da União Soviética e uma tentativa de se formar um governo menos dependente de Moscou e que garantisse mais liberdade para os seus cidadãos. O ano de 1968 se tornou emblemático na história justamente por conta desses movimentos que questionavam a opressão dos seus governos e saíam às ruas defendendo mais liberdade para os seus cidadãos.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética havia buscado avançar seus domínios na Europa Oriental para garantir sua ampla influência na região, em contraposição aos Estados Unidos. Era a Guerra Fria, o combate ideológico entre comunismo, liderado pelos soviéticos, e o capitalismo, comandado pelos norte-americanos. Nesse embate, ambas superpotências não pouparam esforços, fosse por meio da violência, como na perseguição aos opositores, fosse pelo apoio a governos que seguissem à risca as ordens de Moscou ou de Washington.

No caso específico da URSS, para manter a ordem nos países satélites, isto é, as nações que a integravam, Moscou exigia a fidelidade dos governos desses países. Para isso, fez uso da força e da violência, a exemplo da censura, do fechamento dos partidos políticos e do controle total do Estado sobre a sociedade.

Primavera de Praga

A chegada de Alexander Dubcek à Tchecoslováquia foi determinante para o início da Primavera de Praga. Ele assumiu o comando do Partido Comunista do país em 5 de janeiro de 1968. Ao mesmo tempo que tinha ligação estreita com Moscou, Dubcek era próximo dos intelectuais que defendiam um “socialismo mais humano” para os países que faziam parte do bloco soviético. Após o período ditatorial de Stalin, o período subsequente foi marcado pelas reivindicações dos países que compunham a União Soviética de que dependessem menos do governo soviético.

O historiador Eric Hobsbawm defendeu a tese de que o reformismo que marcou o Partido Comunista tcheco estava ligado a uma disputa interna do partido. Os eslovacos, que eram a minoria no país, reivindicaram reformas no PC para ampliar sua participação política.

Quando a Tchecoslováquia foi ocupada pela União Soviética, em 1947, a população acreditou que aquela presença estrangeira pudesse trazer dias melhores para o país, porém a forma autoritária com que o governo comunista agiu fez com que essa esperança se apagasse e a população se manifestasse contra o autoritarismo.

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Os intelectuais tiveram participação decisiva na Primavera de Praga ao discutirem a respeito do “socialismo mais humano”. A propósito, ao longo dos anos 1960, era comum nos protestos de rua a presença de professores e pensadores conhecidos no mundo todo, como Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Michel Foucault. Essa participação fez com que suas ideias fossem divulgadas e discutidas tanto nas universidades como nas televisões. O intelectual foi visto como uma pessoa pública, que se posicionava politicamente e incentivava todos a fazerem o mesmo. Atrelada à participação dos intelectuais estava o movimento estudantil chamado de Poder Jovem. Os estudantes participaram dos debates de ideias bem como das manifestações de rua.

Reformas da Primavera de Praga

Alexander Dubcek em frente de estante de livros
Alexander Dubcek comandou a Tchecoslováquia implantando reformas que promoveriam um “socialismo mais humano” no bloco comunista.[2]

As reformas da Primavera de Praga e implementadas pelo governo Dubcek foram:

  • fim da censura à imprensa e liberdade de expressão;

  • realização de um governo comunista democrático;

  • criação de vários partidos comunistas;

  • garantia da autonomia dos sindicatos e o direito à greve;

  • soberania nacional e colaboração com a União Soviética.

Esse conjunto de reformas foi publicado em abril de 1968, em um documento intitulado “Plano de ação”, que pretendia fazer na Tchecoslováquia um governo comunista, mas com democracia e liberdade. O plano foi apoiado por outros países do bloco comunista, como a Iugoslávia e a Hungria, mas rechaçado por Moscou. O governo soviético não via com bons olhos a Primavera de Praga porque as ações ali implementadas poderiam motivar outros países a fazerem o mesmo e desestabilizar o bloco.

Membros da KGB, serviço secreto soviético, e do Comitê Central da União Soviética decidiram intervir na Tchecoslováquia e encerrar a Primavera de Praga. O líder soviético Leonid Brejnev, a princípio, não queria qualquer tipo de intervenção, temendo o impacto que isso poderia provocar. Com a pressão dos intervencionistas, Brejnev aderiu ao movimento contra a Primavera de Praga.

  • Videoaula sobre sindicalismo

Fim da Primavera de Praga

A imprensa de todo o mundo acompanhou os acontecimentos na Tchecoslováquia. Mesmo com os limites de comunicação impostos pelos soviéticos, os jornalistas enviaram informações e imagens da Primavera de Praga.

“Viemos salvar a Tchecoslováquia”, diziam os soldados russos a quem os abordava na estrada, na madrugada de 21 de agosto. Sorridentes na torre dos tanques, esperavam ser recebidos como libertadores. A resistência civil deixou-os surpresos e indecisos: descobriram assim, pelo método mais duro, como é grande a distância entre a realidade e a sua imagem trabalhada pela política. Foi tal a estupefação da tropa, que várias unidades tornaram-se incapazes de agir e tiveram que ser substituídas.

A revista Manchete, de grande circulação no Brasil entre os anos 1950 e 1990, assim iniciou sua reportagem sobre o fim da Primavera de Praga. A União Soviética decidiu agir contra a primavera enviando seus soldados logo após uma reunião secreta ocorrida em agosto de 1968. Na madrugada do dia 21 do mesmo mês, os tanques soviéticos invadiram a Tchecoslováquia. Os soldados ocuparam prédios do governo e as sedes das rádios locais.

Como a reportagem mostra, os soviéticos acreditavam que seriam recebidos com festa pela população local, mas a realidade era outra. A resistência foi pacífica e as tropas encerraram a Primavera de Praga. Alexander Dubcek renunciou ao cargo em 1969, encerrando a última tentativa da Tchecoslováquia de ser um país democrático com um “socialismo mais humano”.

Consequências da Primavera de Praga

A Primavera de Praga fez com que a União Soviética intensificasse a repressão contra opositores e ampliasse o controle sobre os governos do bloco comunista. A tentativa de se formar um governo democrático na Tchecoslováquia deixou claro para Moscou que o governo deveria se fazer presente em seus países satélites bem como ampliar a censura e impor severa fidelidade dos governantes à União Soviética. Esse autoritarismo se estendeu pelos próximos 20 anos e colaborou para a desintegração da URSS, no final da década de 1980.

Crédito de imagem

[1] Giorgio Bianchi / Shutterstock.com

[2] Pe3k / Shutterstock.com

 

Por Carlos César Higa
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Carlos César Higa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

HIGA, Carlos César. "Primavera de Praga"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/primavera-praga.htm. Acesso em 25 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

A Primavera de Praga foi a tentativa da população de uma nação do bloco comunista de democratizar o regime que havia sido implantado no país e que seguia as diretrizes estabelecidas pela União Soviética. Selecione a alternativa que traz o país em que ocorreu esse evento:

a) Iugoslávia

b) Chechênia

c) Checoslováquia

d) Hungria

e) Polônia

Exercício 2

O reformismo que se espalhou pela Checoslováquia em 1968 teve como ponto de partida a posse de um novo secretário-geral no Partido Comunista local. Esse novo secretário deu início às reformas visando a implantar um “socialismo com rosto humano” no país. Estamos falando de:

a) Leonid Brejnev

b) Alexander Dubcek

c) Nikita Kruschev

d) Mikhail Gorbachev

e) Nicolau Ceausescu