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Hieróglifos

Hieróglifos são os símbolos que os antigos egípcios utilizavam no seu sistema de escrita sagrado. Eles foram utilizados no Egito Antigo por mais de 3.000 anos.

Hieróglifos presentes na tumba do faraó Ramsés III, no Vale dos Reis.
Hieróglifos são os caracteres de um sistema de escrita que foi utilizado pelos egípcios por mais de 3.000 anos.
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Hieróglifos são os caracteres de um antigo sistema de escrita utilizado no Egito Antigo, a escrita hieroglífica. Inicialmente esse sistema foi utilizado em todos os registros da vida cotidiana, mas com o tempo ele passou a ser utilizado principalmente em lugares e objetos ligados ao sagrado, como nas paredes internas das pirâmides, templos e no Livro dos Mortos.

A escrita hieroglífica foi utilizada pelos egípcios por mais de 3.000 anos. Por volta do século IV ela deixou de ser utilizada, e a maneira pela qual ela era lida foi perdida. Os hieróglifos só foram decifrados novamente no século XIX, quando uma pedra encontrada por tropas napoleônicas no Egito permitiu que eles fossem decifrados.

Leia também: Escrita do Egito Antigo — detalhes sobre as escritas hieroglífica, hierática e demótica

Tópicos deste artigo

Resumo sobre hieróglifos

  • Hieróglifos são os caracteres de um antigo sistema de escrita utilizado no Egito Antigo, a escrita hieroglífica.
  • Eram sagrados para os egípcios, eles acreditavam que foi Thoth, o deus egípcio da sabedoria, quem os criou.
  • Os hieróglifos mais antigos descobertos pelos arqueólogos são de aproximadamente 3200 a.C.
  • Podem ser pictogramas, ideogramas, fonogramas ou ainda funcionar como um determinativo.
  • A Pedra de Roseta foi considerada fundamental para que os hieróglifos fossem decifrados.

O que é hieróglifo?

Hieróglifos são os caracteres de um antigo sistema de escrita utilizado no Egito Antigo, a escrita hieroglífica, uma das formas mais antigas de escrita. Foram utilizados no Antigo Egito por mais de 3.000 anos. Eles evoluíram de um sistema de escrita pictórica, que utiliza figuras para representar palavras, para um sistema complexo de escrita que misturava fonemas, pictogramas, ideogramas e determinativos.

No início os hieróglifos eram utilizados para todos os registros escritos cotidianos, como registros administrativos do Estado, de relações comerciais, entre outros. Com o tempo, novas formas de escrita mais simples surgiram, como a hierática e a demótica, que passaram a ser utilizadas nos registros não sagrados. Os hieróglifos passaram a ser utilizados somente em templos, túmulos, Livros dos Mortos e nas pirâmides. A palavra hieróglifo é de origem grega e significa algo próximo de “símbolo sagrado” ou “escrita sagrada”.

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Origem dos hieróglifos

Os antigos egípcios acreditavam em uma origem mitológica para a origem dos hieróglifos. Para eles, foi Thoth, o deus egípcio da sabedoria, que teria ensinado em tempos remotos os hieróglifos aos seres humanos.

Existe um debate entre os historiadores, egiptólogos, linguistas e arqueólogos sobre a origem da primeira forma de escrita, o título de inventor da escrita é disputado entre egípcios, com seus hieróglifos, e mesopotâmicos, com a escrita cuneiforme.

No Egito, os registros mais antigos de hieróglifos estão relacionados ao Rei Escorpião. Ele recebeu esse nome justamente pelo fato de o único artefato representando-o possuir uma figura de escorpião ao seu lado assim como uma figura de flor. Esses símbolos são considerados os mais antigos hieróglifos descobertos, embora não mostrassem um sistema de escrita complexo. Vale lembrar que o Rei Escorpião governou o Egito por volta do ano 3200 a.C.

Rei Escorpião ao lado de um escorpião e de uma flor de sete pétalas, considerados os mais antigos hieróglifos descobertos. [1]
Rei Escorpião ao lado de um escorpião e de uma flor de sete pétalas, considerados os mais antigos hieróglifos descobertos. [1]

Tipos de hieróglifos

Existiam basicamente quatro tipos de hieróglifos. Os hieróglifos mais antigos eram pictogramas, ou seja, imagens que representavam diretamente aquilo que era desenhado. Por exemplo, uma boca poderia representava uma boca e uma perna representava uma perna.

Também existiam hieróglifos que faziam o papel de ideogramas, por exemplo, um hieróglifo que podia representar um verbo, como comer ou correr. Na nossa civilização, por exemplo, o desenho de um coração pode representar o amor.

Também existiam hieróglifos que representavam fonogramas, ou seja, sons. Quando combinados, esses fonogramas formavam palavras. Como exemplo, se fosse em língua portuguesa, os hieróglifos de um pé (lido como pé) e de um Sol (lido como dia) formariam a palavra “pé + dia”, relacionado ao verbo pedir. Foi justamente a presença de hieróglifos que representam fonogramas que dificultou o trabalho de todas as pessoas que tentaram decifrar os hieróglifos até o século XIX.

O último tipo de hieróglifos são os chamados determinantes, que eram utilizados ao lado de outros hieróglifos para indicar qual o seu real significado. O som dos hieróglifos determinantes não era falado, mas ele indicava o significado de outro hieróglifo, quando este podia ter mais de uma interpretação. O hieróglifo de uma perna, por exemplo, poderia significar perna ou caminhar; um hieróglifo determinante era utilizado ao lado do hieróglifo da perna para indicar seu significado correto.

Veja também: Literatura do Egito Antigo — escritos relacionados principalmente à religião

Características dos hieróglifos

A primeira característica dos hieróglifos é a representação com figuras facilmente identificáveis, como partes do corpo humano, animais, objetos, plantas, entre diversas outras. Vale lembrar que se representassem figuras identificáveis, muitas vezes eles eram fonogramas, e não a imagem representada.

Outra característica da escrita hieroglífica é a grande quantidade de caracteres utilizados. No início do sistema de escrita eram cerca de 800 caracteres, mas com a evolução e a introdução de hieróglifos que representam fonogramas e determinantes, esse número aumentou muito, chegando a milhares de caracteres. Essa complexidade tornava difícil o aprendizado desse tipo de escrita, sendo dominada por poucas pessoas.

Função dos hieróglifos

Por serem os caracteres de um antigo sistema de escrita utilizado no Egito Antigo, a escrita hieroglífica, os hieróglifos tinham a função de registrar elementos do cotidiano dos egípcios. Eram utilizados inicialmente para registrar todos os elementos do cotidiano, mas posteriormente passaram a ser utilizados principalmente em locais sagrados, como templos, mastabas e pirâmides. A maior parte dos egiptólogos acreditam que isso ocorria porque eles eram considerados a escrita dos deuses e do pós-vida. Na maior parte das vezes os hieróglifos presentes nos túmulos, mastabas e pirâmides registravam parte da vida do falecido, suas obras realizadas durante a vida e a devoção dele aos deuses.

Embora a escrita hierática e a demótica fossem mais difundidas no uso cotidiano e nos registros estatais, os hieróglifos não foram totalmente abandonados no uso administrativo. A Pedra de Roseta, a Pedra do Canopo e outras estelas administrativas do Período Ptolomaico comprovam isso.

Como ler os hieróglifos?

Poucas pessoas no mundo sabem ler os hieróglifos. Para dominar esse sistema são necessários anos de estudos, mas podemos ter algumas noções sobre como eles funcionavam.

A primeira coisa que devemos identificar é a direção de leitura dos hieróglifos. Ao contrário da nossa escrita, que é lida da esquerda para direita e de cima para baixo, o sentido de leitura dos hieróglifos podia variar.

Para a saber a direção correta de leitura devemos observar os hieróglifos e para onde eles estão “olhando”. Na imagem abaixo, por exemplo, os hieróglifos devem ser lidos da direita para a esquerda, uma vez que os hieróglifos estão virados para a direita, onde se inicia o texto. Quando os hieróglifos são registrados em linhas horizontais, a leitura ocorre de cima para baixo.

Exemplo de hieróglifos egípcios que devem ser lidos da direita para a esquerda.
Exemplo de hieróglifos que devem ser lidos da direita para a esquerda.

Os hieróglifos que estão circulados na imagem acima registram o nome de faraós ou de suas esposas, eles sempre eram escritos dentro de um cartucho, maneira pela qual são chamadas as elipses que circundam os nomes reais.

Tabela de hieróglifos

Tabela de hieróglifos.
Tabela com alguns hieróglifos. (Créditos de imagem: Paulo José Soares Braga | Brasil Escola)

Existiam milhares de hieróglifos, muitos deles representando fonemas, palavras e alguns até mesmo frases inteiras. Alguns hieróglifos, quando pronunciados, possuíam sons semelhantes aos das nossas letras do alfabeto, como na tabela anterior. Dessa forma podemos utilizar alguns hieróglifos como se eles fossem letras do nosso sistema de escrita.

A palavra “Egito” escrita em hieróglifos.
A palavra “Egito” escrita em hieróglifos. (Créditos de imagem: Paulo José Soares Braga | Brasil Escola)

Importante: Vale lembrar que essa tabela é apenas uma adaptação dos antigos hieróglifos ao nosso sistema de escrita.

Pedra de Roseta

A Pedra de Roseta é considerada a chave que nos levou a conhecer o passado dos egípcios através da leitura dos hieróglifos. Com o fim da Antiguidade a maneira como os hieróglifos deviam ser lidos se perdeu. A partir do século XVIII diversos estudiosos tentaram decifrar os hieróglifos, sem sucesso.

Pedra de Roseta, no Museu Britânico, fundamental para que os hieróglifos fossem decifrados.
Na Pedra de Roseta, podemos observar três sistemas de escrita diferentes: hieroglífico, demótico e grego. [2]

Essa pedra foi inicialmente encontrada em meados do século XVIII e foi utilizada como material de construção de uma fortaleza na cidade de Roseta, daí seu nome. Foi nesse local que um soldado francês encontrou a pedra em 1799, durante a campanha do general Napoleão Bonaparte no Egito. Na pedra, estavam registradas informações em três sistemas de escrita diferentes, hieroglífica, demótica e grego. Ela foi retirada da construção e guardada pelos franceses que perceberam imediatamente a importância dela.

Tropas inglesas acabaram derrotando Napoleão no Egito e se apoderaram da Pedra de Roseta. Diversas cópias em gesso e decalques foram feitos e enviados para diversos países. Em 1803, o texto em grego já havia sido decifrado. Foi somente na década de 1820 que Jean-François Champollion conseguiu decifrar os hieróglifos.

A Pedra de Roseta continha um decreto ptolomaico do ano 196 a.C. escrito nos três sistemas de escrita. Foi assim que Champollion conseguiu relacionar palavras conhecidas do texto escrito em grego e demótico, com os hieróglifos.

Para os egiptólogos a Pedra de Roseta é a maior descoberta arqueológica de todos os tempos, superior inclusive ao tesouro de Tutancâmon.

Curiosidades sobre hieróglifos

  • Diversas outras “Pedras de Roseta” foram encontradas, elas eram idênticas à primeira, produzidas na mesma época.
  • Além da Pedra de Roseta outras estelas com registros em hieróglifos e outros sistemas de escrita foram encontradas.
  • Champollion decifrou os hieróglifos em 1822. No ano 2022, o Museu Britânico comemorou o bicentenário do feito com uma exposição onde a Pedra de Roseta foi a principal atração.
  • A Pedra de Roseta deixou o Museu Britânico apenas três vezes, durante as duas guerras mundiais, para não ser destruída em bombardeios, e em 1972, quando a pedra foi exposta em Paris na efeméride de 150 anos de sua decifração.
  • A leitura dos hieróglifos se inicia na direção para a qual eles “olham”. A exceção à regra são os hieróglifos registrados no interior dos sarcófagos. Nesse caso a leitura se inicia do lado oposto do qual os hieróglifos estão virados.
  • Na época na qual foram escritos, menos de 1% da população egípcia sabia lê-los. Apenas escribas, sacerdotes e poucos membros da nobreza sabiam.
  • No sistema hieroglífico não existiam vírgulas, pontos finais nem espaços entre as palavras, o que torna a compreensão desse sistema ainda mais difícil.

Créditos de imagem

[1]  Udimu / Wikimedia Commons (reprodução)

[2]  InSapphoWeTrust / Museu Britânico / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito Antigo. Editora Brasiliense: São Paulo, 1982.

DOMINGUES, Sérgio. Introdução à escrita hieroglífica do Egito. Clube de Autores: Joinville, 2022.

Escritor do artigo
Escrito por: Jair Messias Ferreira Junior Pós-graduado em História pela Unicamp e professor da Educação Básica há mais de 20 anos. Também é formador de professores e produtor de materiais didáticos há mais de 10 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

JUNIOR, Jair Messias Ferreira. "Hieróglifos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/hieroglifos-egipcios.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Sabe-se que à escrita desenvolvida no antigo Egito deu-se o nome de hieróglifos, ou escrita hieroglífica. O nome hieróglifo, contudo, tem origem grega e significa:

a) “Escrita do papiro”

b) “Louvor ao Faraó”

c) “Inscrição na pedra”

d) “Inscrição sagrada”.

e) “Palavra do Sol”.

Exercício 2

Os hieróglifos possuem uma estrutura bem diferente das outras línguas, tanto das orientais, como o mandarim, quanto das ocidentais, cuja estrutura é predominantemente alfabética (como o português). Com relação a essa estrutura dos hieróglifos, pode-se afirmar que:

a) é inteiramente ideográfica.

b) não possui imagens de animais em sua composição.

c) é trina: ideográfica, fonográfica e, sobretudo, pictográfica.

d) não possui fonemas.

e) nunca pôde ser traduzida para outros idiomas.