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Escravidão no mundo muçulmano

A escravidão no mundo muçulmano era uma prática inerente à cultura desse povo. Seus escravos provinham das diversas regiões conquistadas pelo islamismo.

Comércio de escravos em Bagdá (Iraque), no século XIII
Comércio de escravos em Bagdá (Iraque), no século XIII
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A escravidão existia entre os povos árabes desde antes da ascensão de Maomé como profeta e da propagação do islamismo como religião e modelo de civilização. Entretanto, foi a partir do momento em que os árabes tornaram-se islâmicos, quando foram convertidos por Maomé, no século VII, e passaram a expandir seus domínios pela Península Arábica, Leste Europeu, Península Ibérica e o norte da África que a prática da escravidão tornou-se mais ampla e notória no mundo muçulmano.

A prática da escravidão entre os povos árabes se dava, inicialmente, por meio do mecanismo que era comum desde a antiguidade: os povos vencidos em guerras, que tinham suas propriedades pilhadas, eram tomados como escravos. Aos poucos, a escravidão passou a ser justificada pelos fundamentos do islamismo. Cristãos, caucasianos, francos, negros da região subsaariana da África e diversos outros povos eram feitos de escravos por não partilharem da crença muçulmana, sendo considerados ou idólatras (adoradores de ídolos) ou infiéis (como eram considerados os cristãos).

Os homens escravizados serviam como força de trabalho em diversas áreas. Trabalhavam tanto no campo (manejando culturas agrícolas e pastagem de animais) quanto na cidade (em locais como oficinas de artesanato, nas ruas, nos palácios e haréns e nas residências). Os serviços urbanos iam dos mais humilhantes até os postos de altos funcionários, como o cargo de vizir (aquele a quem era delegado o poder político sobre determinada região a mando de um soberano muçulmano).

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Os meninos e os jovens adultos eram raptados nas guerras e recebiam treinamento militar, sendo incorporados ao exército. Dependendo de sua origem e de sua disposição de converter-se ao islamismo, eram alforriados, tornando-se clientes de seus antigos donos. Os únicos que não partilhavam dessa possibilidade de ascensão eram os escravos negros da África subsaariana, que alimentavam o tráfico de escravos empreendido também pelos bérberes.

As mulheres e meninas também eram raptadas, porém com a finalidade de aprenderem a dançar, tocar instrumentos musicais e desenvolverem as habilidades necessárias para viver nos haréns dos sultões. Havia também os homens castrados, que eram comprados para servir como eunucos (auxiliares das mulheres nos haréns). Como a castração era proibida entre os muçulmanos, estes se dispunham a pagar altos preços pelos eunucos, que eram vendidos por outros povos que capturavam e castravam homens, sobretudo no Leste Europeu.

Um exemplo famoso de europeu cristão feito escravo pelos muçulmanos foi Miguel de Cervantes, autor da obra Dom Quixote, que foi preso na Batalha de Lepanto, em 1570. Especula-se que, ao longo da existência dos impérios muçulmanos, mais de 15 milhões de pessoas tenham sido escravizadas.


Por Me. Cláudio Fernandes

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FERNANDES, Cláudio. "Escravidão no mundo muçulmano"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/escravidao-no-mundo-muculmano.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Entre os europeus célebres que ficaram sob o jugo da escravidão muçulmana, estava Miguel de Cervantes, autor de “Dom Quixote de La Mancha”. Em que circunstância isso ocorreu?

a) Após a publicação da segunda parte de seu romance, “Dom Quixote”, em 1615.

b) Após as guerras contra os mouros pela unificação da Espanha em 1480.

c) Antes da tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453.

d) Após a Batalha de Lepanto contra os turcos em 1571.

e) Durante a conquista de Ceuta em 1415.

Exercício 2

Leia o texto:

“Ao converter meia África, o Islamismo contribuiu muito para estimular ainda mais a escravidão, pois praticou-a desde cedo: antes mesmo de Maomé, já no século VI, mercadores árabes frequentavam todos os portos da costa oriental da África, trocando cereais, carnes e peixes secos com tribos bantus por escravos. As populações negras não muçulmanas também consideravam a escravidão um fato absolutamente normal.” (COSTA, Ricardo da. A expansão árabe na África e os Impérios Negros de Gana, Male e Songai [sécs. VII-XVI]. In: NISHIKAWA, Taise Ferreira da Conceição. História Medieval: História II. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009, p. 34-53).

Podemos concluir que o texto acima afirma:

a) que a escravidão não existia na África antes do islamismo.

b) que a escravidão não existia no Oriente Médio antes do islamismo.

c) que, após a expansão do islamismo na África, o tráfico de escravos, que já existia (inclusive entre os negros), foi ampliado significativamente.

d) que não há nenhuma conexão entre a escravidão islâmica e a escravidão africana.

e) que, quando os europeus chegaram à África, não havia mais escravidão.