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Revolta de Ibicaba

Os colonos eram explorados pelos contratos de parceria firmados com os grandes cafeicultores
Os colonos eram explorados pelos contratos de parceria firmados com os grandes cafeicultores
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Durante o século XIX, as transformações econômicas no Brasil ressaltaram a necessidade de remodelar as relações de trabalho no país. A necessidade de mudança se acentuou com a proibição do tráfico negreiro instituída com as leis Bill Aberdeen (1845) e Eusébio de Queirós (1850). A mão-de-obra que até então dependia única e exclusivamente do comércio de escravos provenientes da África, agora necessitava de uma nova alternativa.

A reposição da força de trabalho era de grande importância naquela época, pois os grandes plantadores de café não estavam dispostos a perder lucros pela ausência de força de trabalho disponível. Com isso, resolveram implantar o uso de mão-de-obra assalariada dos migrantes europeus. A vinda desses trabalhadores foi possível graças às revoluções e crises que assolavam a Europa na época, principalmente na Itália e na Alemanha.

O primeiro a organizar esforços nesse sentido, foi o senador Nicolau de Campos Vergueiro que, entre 1847 e 1857, trouxe cerca de 180 famílias provenientes das mais diferentes regiões da Europa. Antes de chegarem em terras brasileiras, os interessados no trabalho nas lavouras de café assinavam um contrato de parceria com o senador Campos Vergueiro. Nesse documento ficava estabelecido o número de pés de café sobre a responsabilidade da família imigrante.

Com a finalização da colheita, os lucros conseguidos com a venda das sacas eram divididos entre os imigrantes e o proprietário. No entanto, essa primeira parte do contrato escamoteava uma outra série de exigências que indicavam a exploração dessa mão-de-obra. É importante lembrar que, ao longo da história brasileira, os trabalhadores braçais nunca contaram com nenhum tipo de garantia e sempre estiveram à mercê do desmando e da ganância dos grandes proprietários.

Essa relação de exploração era percebida no compromisso que a família imigrante firmava em pagar os custos de sua viagem com um acréscimo de juros de 6% ao ano. Além disso, os imigrantes contratados pelo senador ficavam responsáveis por cuidar de cafezais localizados em terrenos de baixa produtividade e eram obrigados a comprarem os gêneros alimentícios fornecidos pelo próprio fazendeiro. Dessa maneira, a vinculação dos colonos ao fazendeiro era preservada por um longo tempo.

A inviabilidade da “parceria” acabou fazendo com que os colonos que trabalhavam na fazenda Ibicaba, principal propriedade do senador Campos Vergueiro, acabassem se revoltando. Liderados por Thomas Davatz, líder religioso da comunidade de imigrantes, os europeus viram esperanças em se tornarem pequenos e médios proprietários. O incidente na fazenda Ibicaba acabou fazendo o império remodelar as relações entre os grandes proprietários e os imigrantes.

A tentativa de dar melhores condições de vida aos imigrantes acabou não se firmando na prática. O único caso em que a vinda dos imigrantes surtiu resultados positivos para a economia nacional aconteceu com a concessão de terras na região de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nestas províncias, criou-se uma camada de pequenos proprietários dedicados ao cultivo e a comercialização de diversos gêneros agrícolas.

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Por Rainer Sousa
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Rainer Gonçalves Sousa Escritor oficial Brasil Escola

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SOUSA, Rainer Gonçalves. "Revolta de Ibicaba"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolta-ibicaba.htm. Acesso em 19 de abril de 2024.

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