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José Bonifácio

José Bonifácio foi um cientista que nasceu no Brasil, desenvolvendo carreira na Europa, mas que retornou ao Brasil, assumindo um importante papel na nossa independência.

Selo português mostra José Bonifácio.
José Bonifácio foi reconhecido como patrono da independência.
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José Bonifácio foi um cientista e político brasileiro que teve papel destacado no processo de independência do Brasil. Nasceu em Santos, mas aos 20 anos de idade foi para a Europa, tendo estudado em Coimbra e desenvolvido uma carreira de cientista que durou mais de 30 anos. Atuou em importantes cargos do governo luso.

Retornou ao Brasil, aproximando-se de D. Pedro e sendo figura importantíssima no processo de independência do Brasil. Atuou como político no Primeiro Reinado, sendo exilado em 1823 e retornando em 1829. Foi considerado patrono da independência do Brasil pela sua importância na independência brasileira.

Saiba mais: Fim do Primeiro Reinado — fim do autoritarismo de D. Pedro à frente do governo

Tópicos deste artigo

Resumo sobre José Bonifácio

  • José Bonifácio de Andrada e Silva nasceu em Santos, membro de uma família bastante rica.

  • Foi para Coimbra aos 20 anos e lá estudou Direito e Filosofia Natural.

  • Especializou-se em Mineralogia, realizando trabalho como cientista durante décadas.

  • Retornou ao Brasil, envolvendo-se com a política e sendo uma importante figura do processo de independência do Brasil.

  • Era defensor da abolição da escravatura e da transformação do Brasil em uma monarquia constitucional com poder centralizado.

Juventude de José Bonifácio

José Bonifácio de Andrada e Silva nasceu em Santos, cidade no estado de São Paulo, no dia 13 de junho de 1763. O nome original dele era José Antônio, mas foi alterado para José Bonifácio durante sua adolescência. Pertencia a uma família de aristocratas de origem portuguesa, sendo membro de uma das famílias mais ricas da sua região.

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Os pais de José Bonifácio eram Bonifácio José de Andrada e Maria Bárbara da Silva. Sabe-se que o pai de José Bonifácio possuiu diversos empregos públicos, além de possuir terras, negócios e escravos. Aos 14 anos de idade, José Bonifácio foi enviado por sua família para São Paulo, cidade onde recebeu parte de sua educação.

Em São Paulo, José Bonifácio teve aulas de diferentes áreas do conhecimento, como Gramática e Filosofia, em um curso que era ministrado por frei Manuel da Ressurreição. Era um passo da preparação para que ele conseguisse se matricular em uma universidade em Portugal, já que no Brasil não existia nenhuma.

Carreira de José Bonifácio como cientista

Aos 20 anos, José Bonifácio foi para Portugal, matriculando-se na Universidade de Coimbra para cursar Direito. Ao longo do seu período em Coimbra, José Bonifácio também estudou Matemática e Filosofia Natural. Teve uma formação muito sólida, estudando com professores de diferentes partes da Europa. Apesar disso, José Bonifácio foi um crítico da qualidade do ensino em Coimbra.

No final da década de 1780, José Bonifácio tomou os primeiros passos para dar início a uma carreira enquanto cientista. Nos últimos anos daquela década, conseguiu finalizar seus estudos em Direito e em Filosofia Natural, ingressando também na Academia de Ciências de Lisboa. Em 1790, realizou uma excursão pela Europa com objetivo de aprofundar os seus conhecimentos.

Essa excursão foi realizada com recursos da Coroa portuguesa, e nela José Bonifácio pôde estudar diferentes áreas do conhecimento, como Química, Mineralogia, Filosofia e História Natural. As viagens de José Bonifácio pela Europa se estenderam por mais de dez anos, e quando ele retornou para Portugal, em 1800, já era reconhecido como um grande cientista.

De volta a Portugal, José Bonifácio passou a trabalhar para a Coroa portuguesa. Atuou na Universidade de Coimbra, trabalhou como intendente-geral das Minas e Metais do Reinos, foi membro do Tribunal de Minas, diretor das Casas da Moeda, Minas e Bosques e até chefe de força policial ele chegou a ser. A situação crítica de Portugal após a expulsão dos franceses fez com que ele decidisse retornar ao Brasil.

Confira nosso podcast: 7 de setembro: Independência do Brasil

Retorno de José Bonifácio ao Brasil

Em 1819, José Bonifácio retornou ao Brasil, depois de passar mais de 30 anos no continente europeu. Aqui, encontrou um cenário bem diferente do que existia quando foi para Portugal, pois o Brasil havia passado por um grande processo de abertura e se transformado em Reino Unido por ordem de d. João VI.

José Bonifácio retornou ao Brasil porque seu irmão, Martim Francisco, ocupava uma importante posição na capitania de São Paulo, a de diretor de minas e matas. José Bonifácio pôde retornar ao Brasil para realizar os estudos científicos que sempre desejou realizar e, assim, estudar as matas, bosques e minérios do Brasil.

Ele realizou esse trabalho durante algumas semanas, mas o contexto daquele momento empurrou-o para a política brasileira. Com a Revolução Liberal do Porto, os liberais portugueses começaram a exigir o retorno do rei d. João VI e a instauração de uma monarquia constitucional. Representantes brasileiros foram eleitos para participar das Cortes Gerais, e a delegação de São Paulo levou propostas que foram sugestões de José Bonifácio.

As duas propostas de José Bonifácio eram a abolição da escravidão e a catequese dos indígenas — ele defendia a integração deles com a sociedade luso-brasileira. No que se refere à escravidão, José Bonifácio afirmava o seguinte|1|:

A sociedade civil tem por base primeira a justiça, e por fim principal a felicidade dos homens. Mas que justiça tem um homem para roubar a liberdade de outro homem, e o que é pior, dos filhos deste homem e dos filhos destes filhos?

  • A luta de José Bonifácio pela independência

A Revolução Liberal do Porto foi o evento que contribuiu diretamente para o processo de independência do Brasil, pois a elite liberal portuguesa desejava “recolonizar” o Brasil, revertendo todas as medidas promovidas por d. João VI durante o período em que ele residiu no Rio de Janeiro. José Bonifácio era um defensor da aproximação luso-brasileira.

Ele desejava que o Brasil mantivesse os seus laços com Portugal, embora defendesse maior autonomia para o Brasil por meio de um governo encabeçado por Pedro de Alcântara. A intransigência dos portugueses na sua relação com o Brasil acabou levando José Bonifácio e, consequentemente, D. Pedro para o caminho da independência.

Isso porque José Bonifácio teve grande proximidade com D. Pedro durante todo o processo de independência, influenciando-o consideravelmente. O conselheiro de D. Pedro ainda conseguiu impor algumas de suas visões para um Brasil independente: ele era defensor de uma monarquia constitucional, embora desejasse maior centralização política.

O nível de tensão entre Portugal e Brasil chegou ao ápice em setembro de 1822, quando uma carta chegou de Portugal exigindo o retorno imediato de D. Pedro. José Bonifácio identificou a urgência dessa situação e enviou as notícias para D. Pedro, em viagem para São Paulo. As cartas vindas de Portugal também ordenavam a prisão de José Bonifácio, e ele aproveitou a situação para incentivar D. Pedro a declarar a independência do Brasil, o que aconteceu em 7 de setembro de 1822, dia em que o regente recebeu as cartas enviadas por José Bonifácio.

Últimos anos de José Bonifácio

Durante o Primeiro Reinado, o renome de José Bonifácio com D. Pedro I começou a declinar até chegar ao ponto em que o antigo conselheiro do imperador foi expulso do Brasil. José Bonifácio e seus aliados tinham visões políticas próprias, mas o imperador preferiu aproximar-se do “partido português”, que desejava que D. Pedro I tivesse poderes absolutos.

O afastamento de José Bonifácio aconteceu em 1823, e o ex-conselheiro do imperador exilou-se do Brasil depois que D. Pedro I realizou o fechamento da Assembleia Nacional Constituinte. Em seu exílio, José Bonifácio foi residir na França, permanecendo na Europa até 1829. Nesse ano, ele recebeu o perdão, podendo voltar ao Brasil.

A reaproximação de José Bonifácio e D. Pedro I rendeu ao primeiro a indicação de tutorar o filho de D. Pedro I, em preparação para assumir o trono brasileiro. As disputas políticas fizeram com que ele perdesse a posição de tutor de Pedro de Alcântara em 1833. Foi preso e levado à força para a província do Rio de Janeiro, local onde faleceu em 6 de abril de 1838, aos 74 anos. Por sua importante participação na independência do Brasil, recebeu o título de patrono da independência.

Notas

|1| MOTA, Carlos Guilherme. Ideias de Brasil: formação e problemas (1817-1850). In.: MOTA, Carlos Guilherme (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira. São Paulo: Editora Senac, 1999, p. 202.

Créditos da imagem

[1] Boris15 e Shutterstock

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "José Bonifácio"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/jose-bonifacio.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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