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Dia-a-dia ou dia a dia?

As expressões dia-a-dia e dia a dia ocupam diferentes funções em se tratando da morfologia e da sintaxe, razão pela qual são empregadas em contextos distintos.

As expressões “dia-a-dia e dia a dia”, apesar de algumas semelhanças, divergem em aspectos específicos.
As expressões “dia-a-dia e dia a dia”, apesar de algumas semelhanças, divergem em aspectos específicos.
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Deparamo-nos com duas expressões que, em termos sonoros, são idênticas, contudo, apresentam divergências quanto à aplicabilidade, tendo em vista circunstâncias comunicativas também distintas. Em razão disso, analisemo-las de modo particular.

A que primeiro aparece no título é constituída do hífen, como também representa um substantivo composto cuja acepção semântica se refere a cotidiano, morfologicamente dizendo. Em se tratando da sintaxe, ela pode ocupar posições diferentes, ora representando um sujeito, ora um objeto direto, e até mesmo um adjunto adnominal. Constatemos, pois, tais casos por meio dos exemplos subsequentes:

O dia a dia de alguns trabalhadores é árduo. 
Neste caso, o termo em destaque representa o sujeito da oração. 

Considero o dia a dia bastante monótono.
Já neste contexto, ele ocupa a função de objeto direto, uma vez que completa o sentido do verbo considerar – sendo esse transitivo direto (O que considero? O dia a dia) 

Aqueles trajes específicos são destinados ao uso no dia a dia.      
Constatamos que se trata de um adjunto adnominal.   

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Caso não tenha percebido, deverá atentar-se para um fato de extrema relevância: o termo, que antes aparecia grafado com hífen, foi abolido em todos os exemplos em questão. Tal fato decorre das novas regras oriundas da Reforma Ortográfica, que vigora desde 1º de janeiro de 2009.

De acordo com essa, as palavras compostas que possuem entre seus termos um elemento de ligação (representado por uma preposição, artigo ou pronome) já não mais requerem o emprego do hífen. Além da expressão em estudo (dia a dia), há ainda outras, como pé de moleque, lua de mel, carne de sol, fim de semana, etc.

Contudo, algumas exceções tendem a se manifestar, como é o caso de água-de-colônia, mais-que-perfeito, pé-de-meia; alguns nomes de espécies botânicas e zoológicas, tais como bem-te-vi, cana-de-açúcar, joão-de-barro; e alguns adjetivos pátrios derivados de topônimos compostos, como, por exemplo, mato-grossense-do-sul, entre outros.

Em se tratando desse aspecto, há um fator digno de ser ressaltado: até o ano de 2012 as antigas grafias ainda serão aceitas, ou seja, temos até essa data para aprendermos as novas grafias. No entanto, o quanto antes procurarmos estabelecer familiaridade com essas, melhor será nosso desempenho enquanto usuários do sistema linguístico. 

Voltemos nossa atenção para o termo “dia a dia” que, independentemente de quaisquer pormenores, sempre foi grafado sem hífen. Ele, por sua vez, representa uma locução adverbial, cujo sentido se atém a “todos os dias”, “diariamente”. De acordo com a função sintática, dizemos que ele se classifica como adjunto adverbial, cuja finalidade é indicar a circunstância expressa pelo verbo, pelo adjetivo ou pelo próprio advérbio.  Assim sendo, analisemos alguns casos representativos:

A onda de violência que assola a sociedade contemporânea cresce dia a dia. (diariamente)
Infere-se que tal expressão modifica o verbo crescer (cresce).

Ele se mostra mais interessado dia a dia. (diariamente)
Constatamos que a atribuição agora se dá ao adjetivo “interessado”.    


Por Vânia Duarte 
Graduada em Letras

Escritor do artigo
Escrito por: Vânia Maria do Nascimento Duarte Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. "Dia-a-dia ou dia a dia?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/dia-a-dia-ou-dia-dia.htm. Acesso em 20 de abril de 2024.

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